Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 mar

Data base, novo piso dos professores, programas sociais, queda nos índices de criminalidade e mais: depois desidratar oposição, ao se aliar com o MDB, Caiado também tirou o discurso dos adversários

A oposição em Goiás, que ainda não definiu com clareza o projeto eleitoral (ou projetos) que colocará nas ruas para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado, vai ter dificuldades para construir um discurso ou uma proposta alternativa de poder, se conseguir chegar a tanto, talvez tão grande quanto as adversidades pelas quais padece para viabilizar um candidato (ou candidatos).  Não há como negar que uma das razões foi a aliança que levou o MDB para o governismo e abalou profundamente os pilares do movimento oposicionista em Goiás, fortemente desidratado a partir daí.

Caiado ostenta hoje uma coleção de sucessos administrativos. Acaba de atender ao maior questionamento à sua gestão, que motivava a mobilização de sindicalistas e deputados ranhetas em eventos públicos do governo do Estado, ou seja, a retomada da data base para os reajustes anuais do funcionalismo. Ele autorizou um aumento de 10,16% para a categoria, com a aprovação das entidades corporativas, que já será incluído na folha de março. Provavelmente, restarão por aí os eternos insatisfeitos e os gigolôs das causas perdidas, que só visam aproveitamento eleitoreiro, nada, contudo, que tenha importância ou se mostre capaz de deslustrar o gesto do governador.

Antes da data-base, Caiado tinha também resolvido outro impasse pesado: o novo piso salarial dos professores, que o presidente Jair Bolsonaro usou como arma para tentar atingir os governadores, assinando um aumento espetacular de 33,24% que evidentemente tem impacto no caixa dos Estados. Em Goiás, pouco mais de 26 mil mestres seriam, como foram, beneficiados, com um acréscimo de R$ 1 mil reais em seus vencimentos, que passariam, como passaram, para R$ 4 mil mensais. Goiás foi o primeiro Estado a fazer a atualização, mesmo com um encargo adicional de R$ 500 milhões a mais por ano. De quebra, um acréscimo de 7,3% foi liberado para os professores que estão acima do piso salarial, atendendo a mais de 35 mil profissionais da Educação. Em seguida, esse percentual subiu e foi equiparado ao da data base, de 10,16%. Lembrando que os professores estaduais têm sido privilegiados com uma política de valorização real, convertida em dinheiro no bolso, nunca vista antes.

O ajuste fiscal e a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, o RRF, foram fundamentais para essas decisões de Caiado. Não há quem não reconheça o trabalho que ele desenvolveu para recuperar as finanças estaduais e liquidar com o histórico desequilíbrio entre receitas e despesas, antes crônico em Goiás. Da mesma forma, outro problema grave tido como irresolvível também foi atacado e desapareceu: os elevados e descontrolados índices de criminalidade. Isso já era. E a tal ponto que a última pesquisa Serpes apontou a Segurança completamente fora do radar das preocupações das goianas e goianos, chamando a atenção de somente 4% da população.

As ocorrências policiais caíram a um nível tão baixo, em Goiás, que voltou a ser seguro usar o celular na calçada e sacar dinheiro à noite no caixa eletrônico. Os preços dos seguros de carros foram reduzidos, inclusive os das pick-ups cabine dupla, antigamente prioridade absoluta para os assaltantes. Há paz social no Estado, o que se assemelha a um milagre, mas na verdade foi resultado de um completo reordenamento do aparelho policial e dos seus métodos e equipamentos e pode, pelo reflexo direto em vidas poupadas, ser classificado como a maior realização do atual governo.

Outro dia, em discurso para as suas plateias de gatos pingados, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha tentava levantar a voz mole para dizer que Caiado faz um governo voltado para as elites e que não se preocupa em atender os segmentos vulneráveis da população. Em que mundo vive Mendanha? Os programas sociais implantados por Caiado são tão volumosos e patentes que ele, o governador, tem repetido ser o ponto forte da sua gestão e que, em 3 anos, já investiu mais de R$ 4 bilhões para atender, de forma contínua, as famílias em situação de necessidade e isso de uma maneira inteligente: em sua maioria, os benefícios chegam através das mães, que na base da pirâmide na maioria das vezes são as encarregadas de criar os filhos.

Há programas sociais sobrando: renda mensal, distribuição direta de comida, moradia (com o Aluguel Social), apoio ao microempreendedorismo (Crédito Social), distribuição de absorventes, ajuda mensal em dinheiro para todos os alunos das escolas estaduais, bolsas de estudos para o Ensino Superior, uma infinidade de projetos na área de Saúde e mais uma lista que parece não ter fim, atestado a completa falta de veracidade das críticas do prefeito de Aparecida. E logo Mendanha, que como prefeito durante mais de cinco anos de administração não instituiu um único programa social permanente em Aparecida.

Não vai ser fácil achar o que falar de Caiado. Perfeito, ele não é, nem governante algum. Mas que tem as mãos cheias de realizações, é fato. Talvez reclamar das estradas, mas grande parte já foi reformada e o restante o será ainda antes das eleições (e há dinheiro farto para pagar a conta). Ou se venha a repisar a surrada tese de que o ICMS é responsável pela alta dos combustíveis, visão cansativamente já desmentida pela política de reajustes da Petrobrás, guiada pelo dólar – e o dólar é indomável. Ou qualquer outra coisa, a depender da criatividade e da imaginação da turma do contra diante do desafio de encontrar uma versão consistente para propagar no afã de desgastar Caiado. Mas, possivelmente, apenas pontos aleatórios e não uma crítica encadeada com a realidade e capaz de apontar para um projeto alternativo de poder para Goiás. A vantagem, no debate eleitoral que se avizinha, é do governador.