Mendanha planta vacina contra futuras operações policiais para investigar corrupção na prefeitura de Aparecida: que há motivos para suspeitas, há e muitos
O jornal O Popular publicou agora há pouco declarações do prefeito (ex até o fim do dia) Gustavo Mendanha garantindo que tem informações sobre investigações policiais que podem terminar, inclusive, com a sua prisão. Mendanha argumenta que todas as operações da Polícia Civil e da Polícia Federal que vasculharam cantos da sua administração não passariam de “perseguição política” movida pelo governador Ronaldo Caiado. E quaisquer futuras, se houver, igualmente.
Vamos lá, leitoras e leitores: trata-se de uma malandragem e nada mais do que isso. É óbvio que Mendanha está procurando uma vacina para problemas que podem aparecer amanhã. Ele está farejando o impacto de investigações que atingiriam em cheio a sua imagem. Este blog adianta duas: 1) a aquisição superfaturada de materiais escolares, em valor superior a R$ 9 milhões de reais, que são vendidos pela fornecedora, em sua loja, a preços bem menores e 2) os escandalosos e ostensivos desvios apurados na esfera do Hospital Municipal, já varejado por apurações não só da PC, que é estadual, como também da PF, que é nacional.
Seriam só “perseguição política”? Caso existam casos concretos de corrupção na prefeitura de Aparecida e caso tenham a ser descobertos nos próximos dias, ou aprofundados, não é direito de Mendanha que tenham o esclarecimento afastado ou postergado só porque ele é candidato a governador, em oposição a Caiado. Ele não está acima da lei. E lembrando que nem a Polícia Civil nem a Polícia Federal agem por conta própria, mas geralmente impulsionadas pelos Ministérios Públicos federal e estadual, os quais dependem de acatamento judicial para tudo o que fazem. Ou seja: sem ordem da Justiça, Mendanha não seria jamais preso.
Vamos aos fatos: Mendanha recorre à desculpa esfarrapada que todo político brasileiro flagrado com a boca na botija apresenta: se há alguma irregularidade em foco, tudo não passa de perseguição política, nada mais. Só que nenhuma prefeitura e nenhuma esfera da administração pública está acima de ser perpassada pelas autoridades fiscalizatórias e repressoras, buscando clarificar suspeitas – e, podem ter certeza, amigas e amigos, essas são muitas quanto a prefeitura de Aparecida. Vejam só esse número: em seus cinco anos e três meses de gestão, Mendanha assinou mais de 250 contratos sem licitação – com dispensa ou inexigibilidade – para fornecimento de serviços e mercadorias, alguns simplesmente injustificáveis e muito com empresas de Estados nordestinos, que parecem ter preferência nos negócios da prefeitura. Uma delas vendeu e recebeu por fantoches – isso mesmo: fantoches, acreditem se quiserem, leitoras e leitores – e livros, que também podem ser encontrados nas editoras onde foram publicados a preços menores do que os pagos por Mendanha. Está lá, no portal de transparência da prefeitura.
Segundo Mendanha, investigar essas aquisições cercadas por nuvens nebulosas seria “perseguição política”. Não é. É dever dos Ministérios Públicos e das polícias Civil e Federal, essa última caso existam recursos federais envolvidos. Alguém pode ser preso em Aparecida, como receia Mendanha? Se meteu a mão e se houve apropriação de recursos públicos, pode, sim.