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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

19 abr

Caiado não se “reconciliou” com o agronegócio, como analisou Caio Salgado na coluna Giro, de O Popular: ele sempre foi, continua sendo e será eternamente o próprio agronegócio

São ridículas as avaliações que apontam a reunião do governador Ronaldo Caiado, no Palácio das Esmeraldas, com representantes do agronegócio em Goiás, como uma “reconciliação”. Isso é uma piada. Há mais de 30 anos que Caiado “é” o agronegócio, setor da economia que sempre defendeu com paixão ao longo da sua carreira parlamentar e com o qual, pessoal e politicamente, sempre de identificou – profundamente. Não se recompõe o que não foi quebrado.

Caiado, segundo essas análises, teria se afastado do chamado ruralismo ao se distanciar do presidente Jair Bolsonaro, por conta de divergências na condução do enfrentamento à Covid-19, nas quais, diga-se de passagem, o governador estava do lado certo e 100% coberto de razão. Para começo de conversa, isso não tem nada a ver com a ligação umbilical que tem e sempre teve com o agronegócio. São coisas que não se misturam. Um exagero. E rompimento, a rigor, nunca houve com Bolsonaro. E com a sua base ideológica, menos ainda. Daí, a manifestação de confiança: “Vocês sabem de que lado estarei” nas eleições que se avizinham. A propósito: alguém duvida que o bolsonarista mais radical não tem motivo algum para não votar em Caiado?

Goste-se ou não do governador, é necessário admitir: ele é o mesmo desde quando começou na política até hoje. O mesmo. No máximo, com as adaptações indispensáveis à evolução da sociedade e do mundo nessas suas mais de três décadas como deputado federal, senador e agora onde está. Uma vida pública como essa não tem precedentes no país, ainda mais reforçada pela postura ética imaculada, em todo e qualquer momento da sua trajetória. Trata-se de uma raridade.  Jornalistas jovens, sem a devida visão histórica, talvez não compreendam, treinados para achar que o camaleonismo da política faz parte da normalidade, e por isso mesmo acabam escrevendo besteiras e imbecilidades, pelas quais, lembrando Jesus, devem ser perdoados porque não sabem o que falam. Amém.