Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 jun

Se Marconi quiser se suicidar politicamente e desaparecer para sempre, o caminho está aberto à sua frente: basta acreditar nos bajuladores e se candidar a governador ou a senador

Marconi Perillo sempre teve uma queda por bajuladores. Chegou muito novo, ainda imaturo, ao governo do Estado e derrotando justamente um todopoderoso como Iris Rezende. Isso sobe à cabeça. Ainda mais com três eleições na sequência, em que uma vez venceu Maguito Vilela e mais duas o próprio Iris Rezende. É um currículo respeitável. E com vitórias não ocasionais, mas construídas com inteligência e estratégia. Acrescente-se a isso a conquista de um mandato de senador e teremos 20 anos de sucesso absoluto, em que o outrora jovem tucano se habituou a ser tratado como um semideus pelo seu círculo próximo.

Esse mesmo pessoal, agora, defende nos jornais a candidatura de Marconi a governador. Muito raramente, ao Senado. Que ele está pronto para enfrentar uma eleição majoritária, depois de ter sido massacrado nas urnas há apenas três anos e pouco, quando ficou em 5º lugar para o Senado, com o agravante de que, na região metropolitana, Goiânia e Aparecida, teve um desempenho pior ainda e caiu para o 6º lugar, atrás até do emedebista Agenor Mariano.

Esperto, como sempre, Marconi deixa a fofoca fluir. Não diz que sim nem que não porque, claro, isso beneficia a sua visibilidade. Os aduladores que o rodeiam se assanham e usam como argumento a recente decisão do ministro do STF Gilmar Mendes (sim, o velho Gilmar) que desclassificou a Operação Cash Delivery para a Justiça Eleitoral e anulou as provas até então obtidas. Sim, porém isso não significa uma absolvição. As mochilas com dinheiro vivo entregues no apartamento de Jayme Rincón em São Paulo continuam reais. Existiram e foram sobejamente provadas. Além disso, há outros processos, pelo menos três dezenas ou mais, que prosseguem e vão continuar absorvendo as atenções tanto do ex-governador quanto da sua numerosa banca de advogados.

Vamos resumir, leitoras e leitores: Marconi, no momento, é basicamente o mesmo Marconi de 2018. Sua rejeição inercial, mostram as pesquisas, é elevada. Se ele botar a cara a tapa, não há dúvidas de que se elevará, sob o fogo dos adversários, e dinamicamente subirá ainda mais. Candidatar-se a governador ou senador, no rescaldo do que aconteceu nas eleições passadas, é suicídio político, já que teria algo como 99% de chances de não dar certo e 1% de êxito. Significa que desapareceria da história de Goiás, para nunca mais voltar, independentemente do que dizem os áulicos carentes de juízo que o cercam, um bando de puxasacos. Quer alguma certeza de sobrevivência? Candidate-se a deputado federal, assumindo a estatura a que foi reduzido depois de 2018 e apostando para o futuro na falta de memória do eleitor.