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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

21 jun

Pesquisas dos últimos dias em Goiás carecem de credibilidade. Faz muita falta um levantamento do Serpes, o instituto que tradicionalmente baliza a sucessão no Estado

Estão a sair novas pesquisas sobre a sucessão em Goiás. Uma batelada, quatro, no mínimo, inclusive ainda no forno, qual seja, a última a pedir autorização para publicação, por conta do Real Time Big Data, da Rede Record. Enquanto isso, foram publicados levantamentos dos institutos Paraná Pesquisas, Goiás e Fox-Mappin. Todas as três – e mais a quarta, do Real Time – de alguma forma carentes de confiabilidade absoluta.

Ao passo que, nacionalmente, se produz pelo menos uma dezena de levantamentos eleitorais por semana, aqui no Estado as pesquisas continuam raras e escassas. Faz falta, nessa hora, um trabalho de peso, uma apuração das intenções de voto como são os realizados pelo Serpes, que custa caro e por isso mesmo, na atual temporada eleitoral, não estão sendo encomendados nem mesmo pelo jornal O Popular, que, em outras eleições, a essa altura já teria divulgado pelo menos seis ou até mais.

Os tempos são de contenção de despesas, até mesmo para a família Câmara – aquela que, em oito décadas como proprietária de veículos de comunicação, não gerou um único jornalista, só empresários. Mas vamos nos focar nas pesquisas do momento. A do Paraná Pesquisas é a melhor, muito embora seus critérios, confusos, sejam contestados pelo ranking da Folha de S. Paulo e do UOL, que define os seus levantamentos como controversos e, portanto, de credibilidade mediana, além de assinalar que o instituto é contratado pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (e foi por isso, aliás, que o Paraná veio a Goiás, apontando uma margem de 10 pontos a favor de Bolsonaro, sobre Lula). De passagem pelo Estado, aproveitaram para sondar as eleições para governador e senador.

O Paraná Pesquisas trouxe números, para o governo, alinhados à média dos resultados já de conhecimento geral, com dois cenários: um, com Marconi Perillo, em que o governador Ronaldo Caiado lidera com 40,8% e outro, sem Marconi, em que Caiado sobe para 45,8%. Tem sentido. A oposição, somada, passa de 35%, em ambas as simulações, porém, na ausência de Marconi, Caiado vence no 1º turno. Dá para acreditar nesses percentuais? Como dito no parágrafo anterior, a fidedignidade do Paraná Pesquisas é mediana. É um típico caso de talvez sim, talvez não.

A segunda pesquisa é a do Goiás Pesquisas. Esse, nem se sabia que existia. Não há informações sobre quem é o dono, nem mesmo no site resumido e enxuto mantido na internet (o endereço da firma é um apartamento residencial em um bairro de Aparecida). O levantamento foi feito por telefone, sem maiores detalhes sobre os critérios seguidos para a abordagem dos entrevistadores, que, quando é assim, necessitam ser altamente preparados, do ponto de vista técnico. É duvidoso que o instituto disponha dessa equipe, cuja qualificação é fundamental para separar o joio do trigo nas conversas telefônicas e chegar à verdade das intenções de voto. Além disso, a questão da amostragem é delicadíssima. Talvez por isso os números processados tenham sido tão divergentes, ou seja, apenas 30,82% para Caiado e índices elevados para os candidatos de oposição. Por ora, não dá para apostar no instituto Goiás. No ranking particular desse blog, ele está no nível de credibilidade baixíssima.

Como a pesquisa do Real Time Big Data ainda não saiu (são 11 horas do dia 21 de junho, terça-feira), resta medir o levantamento do Fox-Mappin, estampado como manchete pelo jornal O Hoje, alegando que há um empate técnico entre Caiado e Gustavo Mendanha, na faixa dos 30 pontos para cada um. Pelas estranhezas do questionário e mistura de critérios para as entrevistas, entre telefônicas e presenciais, domiciliares e na rua, não é possível levar em consideração, nem para análise jornalística nem para tomada de decisões nem para classificação em qualquer tipo de ranking.

Um parêntese: O Real Time Big Data é listado pelo ranking da Folha de S. Paulo e do UOL como confiável. Mesmo assim, em Goiás, dadas as estrepolias do passado, não é. É preciso por um pé atrás. Já os institutos Goiás e Fox-Mappin, por atuar apenas no Estado, não foram incluídos nessa avaliação.

Como dito no início, faz falta uma pesquisa do Serpes, que tradicionalmente baliza a sucessão estadual. E, enquanto não sai, lamentavelmente seguimos no escuro, contando apenas com a força das tendências. O que está sendo publicado não pode ser tomado a sério.