Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 jun

Adversários de Caiado, nos casos de Mendanha e Vitor Hugo, dependem de um milagre de marketing para o qual eles não têm tempo no horário eleitoral. Ou de uma facada

Dois dos adversários que se colocaram para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado – o frouxo, moral e politicamente, Gustavo Mendanha, e o ingênuo Major Vitor Hugo – vão depender, assim que a campanha começar, de um milagre de marketing para crescer e chegar até o dia das urnas como alternativas realmente viáveis. Eles teriam que ser beneficiados por algo prodigioso em matéria de sensibilização coletiva, valendo citar aqui, para melhor entendimento das leitoras e leitores, um exemplo: a surpreendente vitória de Marconi Perillo em 1998, quando se beneficiou de um mote acidental, o da “panelinha” do então PMDB, e acabou derrotando o todo-poderoso Iris Rezende convertido em símbolo de um processo de renovação da política estadual.

Não foi só isso que elegeu Marconi, claro. Ele tinha uma conjunção de fatores favoráveis, como o apoio da maioria dos partidos de expressão em Goiás, de ex-governadores (Henrique Santillo, Mauro Borges, Otávio Lage, Ary Valadão e Leonino Caiado) e dos deputados federais de maior projeção na época, Ronaldo Caiado entre eles. Até mesmo, de certa forma, o respaldo do presidente da República daquele momento, Fernando Henrique Cardoso, do mesmo partido, o PSDB, através do ministro das Comunicações Sérgio Mota. O prefeito de Goiânia, maior colégio eleitoral, era Nion Albernaz, também do PSDB. Para finalizar, no horário gratuito da propaganda eleitoral no rádio e televisão, Marconi, graças às numerosas e expressivas siglas que reuniu na sua coligação, navegou no dobro do tempo que a aliança comandada pelo MDB conseguiu reunir.

Mendanha e Vitor Hugo estão muito longe do fenômeno que foi a coroação popular de Marconi em 1998. A fragilidade política dos dois é evidente, mesmo, no caso do deputado federal, que ele tenha um apoio que pode ser considerado consistente, o do presidente Jair Bolsonaro, que, em Goiás, tem quase a metade dos votos e vence Lula com facilidade, regionalmente, conforme mostram sucessivas pesquisas. Mas, com Vitor Hugo, só está o PL, nada mais, assim como, pró Mendanha, só se alinha o Republicanos, única estrela em meio a cinco legendas nanicas – inclusive a do ex-prefeito, o Patriota.

Com o que contam, nem um nem outro irão muito longe. O partido de Vitor Hugo e os partidos de Mendanha só vão assegurar a eles em torno de um minuto de rádio de televisão, nos blocos do meio-dia e da noite, e mais duas ou três inserções diárias de 30 segundos. Isso é igual a nada, quando se sabe que para uma boa performance no palanque eletrônico um candidato precisa se apresentar, disparar críticas contra os adversários, mostrar suas propostas e, a depender da evolução da campanha, se defender de eventuais denúncias ou acusações. Para chegar a tudo isso, tem-se como regra que alguma coisa é possível a partir de dois minutos e meio para os programas em áudio e vídeo de um candidato.

Dirão muitos: Jair Bolsonaro, com sete segundos no rádio e TV, foi eleito presidente. Sim, foi. Mas trata-se de mais uma confirmação para a tese de que o milagre de marketing é indispensável para que postulantes sem estrutura e sem visibilidade no horário gratuito do TRE tenham sucesso. Bolsonaro levou uma facada e a partir daí ficou no topo do noticiário desde esse instante até a data das eleições, quase 30 dias, o que valeu mais que mil programas eleitorais. Enquanto isso, o antipetismo caía no seu colo e contribuía para a sua glorificação final, infelizmente para o país.

Nem Mendanha nem Vitor Hugo, em condições de normalidade até 2 de outubro, vão passar perto de alcançar a graça de uma dádiva extraordinária capaz de impulsionar suas candidaturas. Eles só conquistarão algum espaço na base do muque de cada um e esse é mambembe, tanto politicamente quanto em matéria de possibilidades de comunicação com a massa do eleitorado. Ou então se um deles levar uma facada.