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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

02 jul

Esperança dos candidatos oposicionistas, horário eleitoral no rádio e TV tem o impacto diminuído pelo clima da campanha permanente das redes sociais e pela queda de audiência dos canais abertos

Candidatos oposicionistas ao governo de Goiás como Major Vitor Hugo (PL), Wolmir Amado (PT) e Gustavo Mendanha Patriota) só têm um cartucho para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado: o horário gratuito do rádio e televisão, único mecanismo de massa a que eles terão acesso para tentar tornar os seus nomes conhecidos, levar alguma mensagem ao eleitorado, se é que a têm, e ganhar visibilidade e votos para chegar a um desempenho razoável nas urnas de 2 de outubro, o que dificilmente incluirá uma vitória – por ora.

Antigamente, o horário gratuito era decisivo. Foi com a enorme vantagem que tinha nesse quesito, graças ao número de partidos reunidos em torno do seu nome, que Marconi Perillo conseguiu a virada histórica de 1998, talvez a única em mais ou menos 40 anos de eleições após a redemocratização iniciada com o primeiro pleito direto para governador, em 1982. Marconi contou com quase 9 minutos em cada bloco da propaganda eleitoral, mais que o dobro do PMDB de Iris Rezende, sem falar na avalanche de inserções de 30 segundos ao longo do dia.

Isso não existe mais. Neste ano, serão apenas um total de 10 minutos no horário do almoço e 10 minutos à noite, mais um número correspondente de pílulas de 30 segundos inseridas na programação normal, para todos os candidatos. Nesse curto espaço de tempo, no caso de Goiás, pelo menos oito pretendentes se sucederão em aparições de extensão variada, todas reduzidas, com exceção de Caiado, que poderá chegar a cinco minutos, e de Wolmir Amado, com possibilidade de alcançar entre dois e dois minutos e meio. O critério para atribuir a cada candidato a sua fatia no palanque eletrônico é baseado na extensão das bancadas partidárias na Câmara Federal, que se somam, no caso das coligações, privilegiando o União Brasil do atual governador e o PT do ex-reitor da PUC – únicas legendas até agora, em nível estadual, a mostrar capacidade para alianças.

Vitor Hugo e Mendanha estão condenados à insignificância no horário eleitoral, assim como os demais candidatos, todos nanicos. Não haverá oxigênio para fazer o básico: se apresentar, criticar os concorrentes, formular propostas e eventualmente se defender de ataques. Jingle de campanha, só o refrão, com o número. Já Caiado e Wolmir serão estrelas, com as suas vitrines amplificadas, em epecial o governador. Aparecerão muito mais que os concorrentes, Caiado, suficientemente conhecido, usufruirá de folga para mostrar as realizações do seu governo, lançar ideias novas e rebater ofensas. Pelo minguado apital partidário reunido até agora, Vitor Hugo e Mendanha terão que se virar em torno de um minuto, algo menos ou algo mais. É exageradamente pouco para quem precisa produzir quase que um milagre de marketing e comunicação para não fugir do vexame na hora da apuração dos votos.

Contra os postulantes oposicionistas, pesa também audiência baixa do rádio e a queda contínua do número de telespectadores, nos últimos anos, atraídos pelos canais de streaming. Restarão a eles os eventos presenciais, para os quais enfrentarão dificuldades imensas para arrebanhar público, e as redes sociais, território propício para falar a convertidos e manter a simpatia que já se tem, porém de retorno duvidoso quando se trata de conquistar votos fora do círculo formado pelos seguidores já engajados.

A história mostra que, com exceção de Marconi em 1998, sempre ganhou para governador quem começou na frente e tinha expectativas de sucesso. Não é fácil produzir viradas em Goiás, ainda mais em eleições em que a definição das eleitoras e dos eleitores parece cristalizada com antecedência, como é o caso da disputa presidencial e pode ser o estadual, em que Caiado lidera as pesquisas desde a primeira e se mantém com aprovação elevada para a sua gestão, além de conservar intocável a gordura da sua biografia imaculada e da intransigência com malfeitos de qualquer natureza. É por isso, aliás, que ele é o favorito.