Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

26 jul

Mendanha e Vitor Hugo são candidatos apoiados em estruturas políticas frágeis, sem densidade e inaptas para gerar uma agenda consistente para a campanha de cada um

O ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e o deputado federal Major Vitor Hugo são candidatos a governador que se escoram em estruturas políticas frágeis e inaptas para dar sustentação a uma agenda verdadeiramente pactuada com o futuro de Goiás. Atenção, leitoras e leitores: não falo aqui de agenda no sentido de um roteiro de eventos e todo tipo de reuniões para alavancar a campanha de cada um, mesmo porque eles praticamente não conseguem arregimentar plateias para ouvir o que dizem e para auscultar opiniões, mas do recolhimento de visões e informações, além de um envolvimento com os segmentos populacionais à altura de produzir um programa de governo que não seja o mero resultado de palpites de “técnicos” e publicitários contratados para bolar soluções para os grandes desafios do Estado, se é que ambos os dois têm alguma noção sobre isso.

Pelo que vivem dizendo, não sabem grande coisa sobre o que é um projeto alternativo de poder, a exemplo do que o candidato Ronaldo Caiado apresentou em 2018 e o ajudou no convencimento do eleitorado que o sufragou com a vitória no 1º turno. Mendanha passou a vida confinado e apequenado em Aparecida, segundo maior município goiano, porém, como reconhece o seu marqueteiro Jorcelino Braga, “inexpressivo em relação ao resto do Estado”. Já Vitor Hugo nunca sequer enfiou um prego numa barra de sabão em Goiás, a não ser se candidatar à Câmara Federal e passar poucos meses serelepando pela região do Entorno de Brasília, onde capturou os 31 mil votos que o colocaram na garupa do Delegado Waldir e transformá-lo em parlamentar pelo extinto PSL – e nunca mais voltou.

Nem um nem outro sabe nada sobre o que um governador precisa fazer. E é fácil conferir essa ignorância: basta checar o que falam em entrevistas e discursos e como fundamentam as suas respectivas candidaturas. Seus propósitos são pessoais, individuais. Não têm sintonia com o coletivo. Não formulam conceitos e concepções sociais, econômicas ou políticas. Eles não são capazes de explicar suas pretensões, um, o ex-prefeito, se apoiando no fato de ter sido bem votado na reeleição em seu município, outro argumentando com a proximidade que ostenta em relação ao presidente Jair Bolsonaro. De um lado e de outro, é o mesmo que nada. São cabeças ocas que estarão negativamente expostas quando chegar a hora dos debates entre os candidatos e também o momento do horário gratuito de propaganda pela televisão, ainda que, a cada um, venha a caber um pequeno tempo de visibilidade, à jato. Aparecerão, dirão seus nomes e números, tocarão um jinglezinho e… oooops, programa encerrado.

Em 40 anos de eleições após a redemocratização, o eleitorado goiano nunca saiu dos trilhos e sempre decidiu com sabedoria e propriedade. Ganhou a eleições quem tinha que ganhar, exceto 1998, que, ficou provado, não foi um erro histórico, e, sim, com certeza um acerto, pela renovação introduzida. Governadores notáveis e competentes foram eleitos, como visto na reviravolta protagonizada pelo jovem Marconi Perillo (que venceu com o apoio do deputado federal Ronaldo Caiado), e mesmo no ponto fora da curva que foi Alcides Rodrigues, em 2006, cuja lembrança, hoje, é tênue, embora, do ponto de vista de gestão, possa ser salvo pela classificação da sua administração como sóbria e sem extravagâncias e só. Todos os outros foram, cada um à sua maneira, grandes, de Iris Rezende a Ronaldo Caiado, passando por Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi. É uma galeria onde só por uma calamidade inesperada e disconforme poderia ser pendurada a foto de Mendanha ou de Vitor Hugo.