Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

31 jul

Com Marconi no lugar onde está desde a derrota de 2018, ou seja, fora do jogo, oposição a Caiado fica reduzida a Vitor Hugo e Mendanha – e isso só beneficia a reeleição do governador

Com o ex-governador Marconi Perillo se definindo pela disputa de um mandato na Câmara Federal, único caminho seguro para a sua sobrevivência política, no momento, a oposição que restará ao governador Ronaldo Caiado está reduzida ao deputado federal Major Vitor Hugo e ao ex-prefeito Gustavo Mendanha. Há também, de certa forma, ao PT, que, no entanto, nunca passou por um encolhimento tão grande como o de agora, resumindo-se a nada ou a quase nada na política estadual.

Contar com oposicionistas como Vitor Hugo ou Mendanha é uma bênção para qualquer candidato a governador. Nenhum deles representa, ainda que minimamente, uma promessa de Goiás. Nenhum dialoga com o futuro para as goianas e os goianos. Um, o militar, agarra-se ao que já não existe: a onda bolsonarista de 2018, que encolheu até mesmo em Goiás, onde as pesquisas mostram que Lula e o “capitão do povo” estão empatados. A proposta de Vitor Hugo é colocar o Estado para servir ao seu deus e não o contrário. Essa fidelidade distorcida a algo que vem de fora, é claro, não levará a qualquer resultado positivo, mesmo porque a base bolsonarista se dividirá entre Caiado, por afinidade ideológica, como é o caso do agronegócio, Mendanha, com o seu público evangélico-aparecidense, e o próprio Vitor Hugo.

O outro, Mendanha, não passa de uma criança perdida em um ambiente privativo para adultos, a política. Sua trajetória é nefasta. Nunca teve um emprego fora da prefeitura de Aparecida. Quando a comandou, não cumpriu as promessas que fez nas duas campanhas – e bateu um recorde: não cumpriu uma sequer -, não teve realizações de peso e, no município que depois de Goiânia tem a maior massa de pobres do Estado, não mostrou a empatia indispensável pelos segmentos vulneráveis para implantar programas sociais permanentes, em cinco anos e três meses de gestão. De quebra, derrubou todos os índices de desenvolvimento da cidade que desgovernou. Todos.

Além dessa ficha corrida maculada, Mendanha não tem noção de articulação política. De sua lavra, não logrou dar um passo adiante desde que meteu na cabeça a ideia fixa de se candidatar ao Palácio das Esmeraldas, acreditando no capital ilusório dos votos de Aparecida. O que conseguiu veio do acaso ou da falta de alternativas, como a filiação a um partido nanico a que, encurralado pelas portas das grandes siglas batidas no seu nariz, foi obrigado a recorrer. Fora tudo isso, seu despreparo é evidente na insegurança que transmite quando fala, nitidamente inventando na hora abordagens e o que quer que se pareça com algum tipo de raciocínio. É um arremedo de candidato, que vende por si próprio o desastre que seria a sua hipotética eleição – como evidencia a sua adesão oportunista e rastaquera ao pior do bolsonarismo, que são a defesa das armas e o ataque antidemocrático às instituições.

As eleitoras e os eleitores de Goiás não são bestas. Em 40 anos de urnas após a redemocratização de 1982, nunca votaram errado e sempre escolheram governadores que, após, se confirmaram como de excelência, talvez posicionando Alcides Rodrigues, em 2006, como a exceção que confirma a regra. Daí a frieza e a apatia que predominam na campanha, até hoje, a 60 dias do 2 de outubro, sem o menor calor, o que competiria à oposição provocar, a aposta segura é acreditar que a decisão já está tomada e que as teclas eletrônicas das cabines de votação vão entoar a cantiga da reeleição de Caiado… com a ajuda de Vitor Hugo e de Mendanha.