Candidaturas oposicionistas são as piores da história estadual, não têm propostas, não têm agenda, são desestruturadas e mostram uma infantilidade política nunca vista antes em Goiás
Assisti a um vídeo, no Youtube, da convenção do PL, no último dia 29, que referendou as candidaturas do deputado federal Major Vitor Hugo a governador e do milionário Wilder Morais a senador. É de estarrecer. Nem mesmo a participação pessoal do presidente da República foi capaz de dar algum brilho para o evento, que passa à posteridade como um dos mais lamentáveis jamais visto em outros momentos da história política de Goiás. Um verdadeiro show de horrores, que o próprio Jair Bolsonaro ajudou a piorar com um discurso pífio, na média desmoralizante do que foram as falas de Vitor Hugo e, essa inacreditável pelo baixo nível e coleção de erros primários de português de doer no ouvido, de Wilder Morais com a sua voz esganiçada. É tão deprimente que leva a uma única conclusão: sai dessa, Wilder, sai rápido e volte para o ambiente de onde nunca deveria ter saído, a sua praia, o seu habitat, que é o mundo dos negócios.
A convenção do PL, caras amigas e caros amigos, constituiu-se em uma exibição escabrosa que, sem exagero, representaria um vexame para qualquer Estado brasileiro. Wilder mostrou que não serve nem para a Câmara de Vereadores de Taquaral, cidade onde nasceu menino pobre que depois venceu na vida achando que bastaria juntar dinheiro para ser considerado alguém. Vitor Hugo provou, mais uma vez, que não sabe nada de Goiás e que o seu projeto de levar o Estado a se ajoelhar para Bolsonaro é insuficientíssimo para justificar a eleição de um governador. Ao contrário, é uma falta de respeito com o eleitorado cuja sanção ele deseja. Nenhum dos três candidatos – Bolsonaro, Vitor Hugo e Wilder – teve a indispensável humildade para cumprir sequer a regra básica de pedir o voto das eleitoras e dos eleitores. Eles exigiram.
Difícil recordar uma eleição tão desequilibrada como a que está em curso em Goiás. Fora o governador Ronaldo Caiado, um político ao qual, goste-se ou não, é preciso creditar uma robusta consistência a partir da sua extensa e bem-sucedida carreira, além do governo bem avaliado e correto que faz, o que se tem no páreo não passa de simulacros de homens públicos, excetuando-se honrosamente o professor Wolmir Amado, do PT e contornando os nanicos. Sim, porque Vitor Hugo e Gustavo Mendanha são oportunistas tacanhos que dependem, para ter sucesso nas urnas, da ignorância e da falta de informações da população. Defendem tudo o que as famílias brasileiras e goianas não precisam: armas, negacionismo, fanatismo e a prevalência de valores pessoais sobre os projetos coletivos, expressada na doença bolsonarista. E sem falar no compartilhamento do ataque às instituições, postura antidemocrática do presidente que ambos vergonhosamente endossam.
Vitor Hugo e Mendanha renegam as luzes e apostam na escuridão. Ambos, cada um de seu lado, procuraram o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha com propostas de coligação – que não houve. Só em uma outra vida seria possível imaginar um intelectual, professor de Direito Constitucional, humanista e quadro de princípios sólidos como Vilmar Rocha dividindo palanque com qualquer um dos dois, seja Vitor Hugo ou Mendanha. Nunca, jamais, a não ser em um universo bizarro (lembram-se do Superman Bizarro e sua galáxia paralela?) longe da realidade política de Goiás, felizmente saudável, ainda que logicamente não perfeita. A uma saída como essa, que também foi rejeitada pelo presidente da Assembleia Lissauer Vieira, o presidente estadual do PSD optaria por se recolher em casa para curtir os netos.
O pleito deste ano em Goiás escorregou para um cenário deprimente. Salvam-se candidaturas que carregam a dignidade e a responsabilidade como escopo para as suas biografias, como a de Caiado e a do ex-reitor da PUC Wolmir Amado, pelo PT. Entre os nanicos, também há destaques de respeito, que não vou recuperar aqui porque não têm chances de chegar a um desempenho mínimo. Mas, no sentido oposto ao deles, Vitor Hugo e Mendanha empobrecem as eleições. Wolmir, é uma pena, não irá a lugar nenhum, mas, agora que se livrou do acordo espúrio com o PSDB que levaria o seu partido à estapafúrdia de bancar a candidatura do ex-governador Marconi Perillo, poderá, pelo menos, dar a contribuição positiva que a sua presença no debate eleitoral garantirá. Ainda bem.