Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

26 ago

Com todo respeito pelos esforçados candidatos e por quem promoveu, mas assistir a um debate como o do Portal 6/UOL, ainda mais sem Caiado, é uma inglória perda de tempo

Que me desculpem os promotores e os esforçados candidatos a governador que compareceram: tentei, porém não tive a paciência e a tolerância necessárias para assistir ao debate promovido pelo Portal 6, um site de Anápolis, e, segundo foi alegado, o UOL, maior site de notícias do país, que, infelizmente, em sua página não deu a menor bola para o evento que levou a sua grife e, ao que parece, sequer transmitido em seu canal no Youtube. No total, menos de seis mil pessoas acompanharam, pela internet, isso em um Estado com 4,77 milhões de votantes.

Debates entre candidatos, já faz algum tempo, em Goiás e no Brasil, perderam a atratividade. Em 2018, não tiveram o menor peso na vitória de Jair Bolsonaro, que só foi a um. Nacionalmente, nesta eleição, pode ser que a polarização entre Lula e Bolsonaro recupere a atenção da população para assistir a essa confrontação de gladiadores da política, infelizmente prejudicada por formatos superados – aqui no Estado, pelo menos – e pela presença de concorrentes, digamos assim, muito pouco interessantes, que gastam o mesmo tempo dos principais postulantes com monótonas e tediosas falas sobre projetos e posições que, dada a inviabilidade das suas candidaturas, não têm a menor importância.

Em Goiás, a distância entre o governador Ronaldo Caiado e seus adversários nas pesquisas também contribui para a pouca expectativa que deve cercar os debates estaduais, se é que ocorrerão. Tudo depende de Caiado. Se ele for a um ou outro, até que pode valer a pena ver. Sem ele, quem aguentará o suplício de ouvir abobrinhas de Vitor Hugo, Gustavo Mendanha, Wolmir Amado, Edigar Diniz e Cíntia Diniz, senão outros mais, caso do pachorrento encontro entre eles sob o patrocínio do Portal 6/UOL?

Há muito que, também em Goiás, o efeito dos duelos presenciais entre candidatos a governador foi neutralizado pelas regras, pela presença de representantes de partidos nanicos, e pelo falatório sem fim, inclusive dos moderadores. Ninguém é capaz de lembrar uma eleição em que tenha havido alguma influência ou mesmo um fato significativo decorrente desses convescotes. Outro dia, o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano disse ao autor deste blog que Gustavo Mendanha começaria a deslanchar a partir dos debates em que ele “massacraria” Caiado. Não tem sentido. Primeiro, o governador pode nem aparecer na maioria deles, talvez se resguardando para o tradicionalmente promovido pela TV Anhanguera na reta final, em sinal de respeito pelo poderio da emissora. Talvez. Segundo, Mendanha não tem experiência para esse tipo de choque de ideias: nunca participou de nenhum, em suas campanhas em Aparecida. O do Portal6/UOL foi o primeiro da sua vida política e ele gaguejou nos minutos iniciais que testemunhei. Já Caiado carrega uma carreira parlamentar de décadas – e de eleições – em que se notabilizou como um debatedor de primeira linha, um dos mais celebrados do Congresso Nacional. Por último, não acontecem mais “massacres” em debates. Os seguidores de cada candidato concluem apaixonadamente que o seu foi melhor e pronto, nada muda nos índices de intenção de votos. Em que Vilmarzim ancoraria essa opinião esdrúxula a não ser na sua notória baixa capacidade intelectual para avaliar qualquer fato? Dos debates, leitoras e leitoras, repetindo, se é que os haverá, não virá nenhuma contribuição para a resolução da disputa pelo governo do Estado.