Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

23 dez

Separar a Assembleia entre reeleitos e novatos é um erro

Nunca deu certo, na Assembleia Legislativa, a atuação dos 41 deputados tendo como premissa a sua divisão em reeleitos e novatos. Na Legislatura eleita em 2014, os novatos da época tentaram se unir em um grupo diferenciado para defender os seus interesses (quase sempre a respeito a cargos na Mesa Diretora) e tomaram derrotas sucessivas. O movimento voltou, agora em 2022, dessa vez invertido, ou seja, congregando os 20 parlamentares que já tinham mandatos e conseguiram a recondução.

Eles promoveram um almoço para declarar apoio à candidatura de Bruno Peixoto à presidência da Casa. Eufóricos, declararam-se como “velha guarda”, definição puxada pelo deputado Talles Barreto baseada no fato de que ele e Paulo Cezar Martins estão no quarto e quinto mandatos, respectivamente, e lideraram a realização do evento. Foi clara a intenção de envolver Bruno. Só que não funciona assim.

Todos os que se assentam nas 41 cadeiras da Assembleia têm o mesmo peso. Variações quanto a qualidades pessoais, a experiência política e o preparo para a articulação devem ser consideradas, é verdade, porém interessa mesmo é o voto de cada um em plenário. Sim: em geral, deputados mais antigos acabam assumindo o comando do Legislativo, escolhidos pelos colegas, mas já houve casos – e muitos – de novatos ocupando essa importante e decisiva função. Além disso, existem os que retornam à Assembleia depois de um interstício como prefeitos ou outro tipo de afastamento, por exemplo, agora, George Morais e Renato de Castro. Não foram reeleitos e não são novatos.

De qualquer forma, Bruno Peixoto driblou com habilidade o desgaste do almoço da “velha guarda”. Três dias depois, já contabilizava mais 12 deputados alinhados com o seu nome para a presidência, além dos 20 reeleitos que estavam no ágape, somando 32. Agiu rápido, para evitar um racha na sua base e, pior ainda, a transformação da sua candidatura, naturalíssima, em imposição de grupo e não consenso da maioria.