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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

28 dez

Líder do governo: escolhido pode ser presidente da Assembleia daqui a 2 anos

Favas contadas: o próximo presidente da Assembleia Legislativa será o deputado Bruno Peixoto, que passou a Legislatura ora se encerrando como líder do governador Ronaldo Caiado.

O detalhe é sintomático. Não é de hoje que a liderança do governo se transformou em uma espécie de principal degrau para a promoção de um parlamentar a presidente. O próprio Bruno Peixoto, em entrevista há poucos dias, admitiu que “o cargo ajuda”, embora se referindo ao fato de ter sido o deputado mais votado nas eleições deste ano (71 mil votos).

Teoricamente, o próximo líder sairá automaticamente da bancada do União Brasil, partido de Caiado, por uma questão de afinidade política e partidária. São seis deputados, dentre os quais os de maiores possibilidades são Talles Barreto, Lincoln Tejota e Virmondes Cruvinel. Remotamente, o MDB, com também seis deputados e além disso legenda do vice Daniel Vilela, tem chances, mas o natural é mesmo a consagração de um dos nomes do União Brasil. Importante: nenhum deles é perfeito.

Tejota e Virmondes representam, na política, clãs familiares condicionadores do comportamento de cada um deles, negativamente. Se isso ajuda a viabilizar a eleição, atrapalha no quesito confiabilidade para novos passos. Exemplo: interessado na presidência, Tejota foi convencido a se aproximar do ex-governador Marconi Perillo, na esperança de aglutinar apoio para a sua candidatura. A manobra vazou e acabou em desastre, mas, diga-se de passagem, o atual vice não teve culpa, a não ser ao permitir ingenuamente ser levado de arrasto por articuladores próximos ao seu pai, Sebastião Tejota, conselheiro do TCE.

Resta Talles Barreto, afilhado de casamento de Caiado, um dia presidente da Juventude do DEM, mas depois convertido à seita tucana, pela qual foi deputado duas vezes. Arrependido, voltou para o DEM, então transformado em União Brasil depois da fusão com o PSL, e pela sigla se elegeu neste ano para o seu quarto período na Assembleia. É fidelíssimo a Caiado, mas a nódoa do seu passado recente é um fantasma assombrando o seu futuro imediato e talvez ainda careça de prazo para se diluir.

Três nomes problemáticos na mesa do governador, portanto, que tem prazo de folga para decidir: a Assembleia só funcionará para valer, com a sua nova composição, a partir de 15 de fevereiro. Flutuando, até lá, estará a hipótese representada por Renato de Castro, que ainda não desistiu da sua candidatura a presidente, ostenta um belo histórico de lealdade a Caiado, é deputado pelo segundo mandato (dispõe de experiência) e pode talvez merecer uma compensação, a liderança agora e a presidência em seguida.