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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

03 jan

Desafio de vice é se posicionar nem com força nem com fraqueza e, sim, no ponto de equilíbrio certo

Vida de vice não é fácil. Além da falta de função e da tendência inexorável ao papel de peça decorativa, há um leão diário a matar: buscar uma posição, no contexto político, nem com força nem com fraqueza, mas ocupando o ponto certo de equilíbrio entre esses dois extremos.

(Com um pedido de perdão aos leões, pela metáfora hoje incorreta, porém irresistível).

Esse é o desafio de Daniel Vilela a partir de agora e não será moleza. Um dos motivos é que ele se formou na tradição política estadual, iniciada com Iris Rezende, passando pelo seu pai Maguito Vilela, e prosseguindo com Marconi Perillo – todos governadores que deram prioridade para a articulação política intensiva, ao contrário de Ronaldo Caiado.

Vejamos: Caiado não faz nomeações partidárias para o secretariado, não dá cotas de cargos para deputados, não nomeia parlamentares para abrir vagas para suplentes, trata todos os prefeitos igual e republicanamente e não faz obras eleitoreiras. Todos os seus antecessores se esbaldaram com tudo isso. O atual governador, não, pelo menos não como regra para a afirmação da sua liderança.

Daniel Vilela, portanto, desde a sua ascensão a vice de Caiado, em uma definição antecipada em quase um ano e meio, duramente criticada dentro da base aliada e posteriormente consagrada como um acerto estratégico sem precedentes, está de certa forma reaprendendo a fazer política. Ressalte-se, aqui: o modo Caiado é mais ético, mais econômico para o Estado, mais justo e mais engrandecedor para a autoridade do governador do que a prática antes rotineira em Goiás.

Um exemplo do estilo Caiado: seu vice no novo mandato nunca ouviu uma palavra dele sobre a composição do secretariado. Não sabe se ganhará o direito de indicar nomes ou até mesmo de ter o seu próprio encaminhado para uma pasta. E é arriscado abordar o governador para tratar desse assunto.

E não tem certeza se será de fato o sucessor designado para as eleições de 2026.