Solução “salomônica” de Caiado criou dois líderes do governo na Assembleia
O governador Ronaldo Caiado inovou mais uma vez: seu governo terá, na prática, dois líderes na Assembleia. Wilde Cambão e Talles Barreto, desde sempre cotados para a função, foram agasalhados por uma fórmula inusitada criada na última hora para agradar a ambos, qual seja o primeiro como líder e o segundo como vice-líder, com uma troca de posições daqui a um ano.
Ou seja: pelos próximos dois anos, Cambão e Talles farão um rodízio, com um assessorando o outro. É o que significa a decisão do governador, que, assim, adotou uma forma salomônica, aliás sem precisar ir ao limite de ameaçar cortar alguém ao meio com a sua espada, como fez o rei de Israel.
O primeiro líder será Cambão, por 12 meses, ao final dos quais Talles assumirá o seu lugar e ele o de Talles. Há uma questão de personalidade a observar nesse arranjo. Talles tem mais presença e mais preparo para encaminhar os assuntos de interesse do governo na Assembleia. Já faz tempo que ele relata com sucesso as matérias de importância encaminhadas por Caiado. A polêmica lei que instituiu a taxação do agro, por exemplo. Além disso, ele mora em Goiânia, enquanto Cambão está baseado em Luziânia, cidade onde inclusive disputou e perdeu a prefeitura em 2020. A distância pesa. E também é um deputado reservado, pouco afeito a debates e vocacionado para os bastidores, de voz forte e pausada. Ele tem o DNA da família Roriz (e o sobrenome), historicamente tradicional na região do Entorno.
Talles Barreto como vice-líder será uma mão na roda para Cambão. Eles devem trabalhar em conjunto, dividindo e combinando tarefas que vão desde viabilizar a aprovação de projetos até ocupar a tribuna para defender a gestão estadual de críticas e ataques. Significa, no final das contas, que o Palácio das Esmeraldas terá não um, mas dois líderes na Assembleia. Bom para Caiado. Alguns apostam que não dará certo e que haverá uma prejudicial diluição do polo de poder naturalmente encarnado pela figura de um único representante do governador no Legislativo, firme e determinado. A conferir.
Em tempo: Wilde pronuncia-se “Ualde”. E Cambão foi um apelido aleatoriamente colocado por um aluno, na época em que ele foi professor de Educação Física. Nada a ver com ferramentas antigas da roça ou qualquer outra referência.