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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 fev

Câmara não pode existir só em função do prefeito: esse é o erro que apequena Romário Policarpo

De uma Câmara Municipal, em qualquer cidade, espera-se minimamente o cumprimento das suas finalidades constitucionais, avaliando e aprovando leis, fiscalizando o Executivo e discutindo as melhores soluções para os desafios de cada comunidade. Daí a passar 24 horas por dia envolvida em uma confrontação estéril com o prefeito, vai uma distância muito grande. Em um município, ainda mais um do tamanho de Goiânia, há mais a fazer para os vereadores.

Esse é o erro que apequena o presidente do Legislativo goianiense Romário Policarpo. Para ele, a capital se resume ao que Rogério Cruz faz ou deixa de fazer. Não deveria ser assim. Já no terceiro mandato graças a uma distorção da jurisprudência do STF, Policarpo consome o seu valioso tempo em uma interminável queda de braço com o Paço Municipal, ora próximo, ora distante, sempre esticando a corda e transmitindo um inequívoco sinal de que pensamentos golpistas passam pela sua cabeça – ele é o virtual vice que parece inclinado a conspirar contra o titular, porém com receio de ultrapassar os limites.

O presidente da Câmara é jovem e como tal teria a obrigação de inovar e provar ser uma reciclagem da velha política. Corrijam este blog, leitoras e leitores, se estiver errado: em mais de quatro anos no cargo, Policarpo nunca mostrou qualquer diferenciação diante dos seus antecessores e menos ainda em relação aos parâmetros convencionais de uma função tão relevante para Goiânia. É mais do mesmo. Neste sábado mesmo, 4, O Popular publica uma entrevista com ele acusando os auxiliares de Rogério Cruz de não trabalhar e queimar o expediente com fofocas. Pode ser. Mas Policarpo e a instituição que preside fazem o mesmo.

Outra matéria do jornal neste sábado fala sobre pontos do Plano Diretor que agravam a possibilidade de inundações, como a que levou a vida do motoqueiro Warley Melo Adorno, de 22 anos, arrastado por uma enxurrada na Avenida C-107, no Jardim América. É grave. A Câmara de Policarpo analisou durante meses a lei, em clima mais de manipulação que de debate produtivo e não acrescentou ou mudou nada, engolindo o que veio pronto do Executivo. Foi politiqueira e omissa. O Poder também tem culpa no cartório quanto a essa morte. Seu jovelho presidente precisa se explicar.