A decisão repentina de Adib Elias que incendiou Catalão: privatização à jato da água e esgoto
Diz-se em Catalão que o prefeito Adib Elias acordou na semana passada com uma ideia na cabeça: privatizar o sistema de água e esgoto da cidade e distritos, hoje com 45 mil usuários e tocado por uma empresa municipal, a SAE – Serviços de Água e Esgoto de Catalão.
Do café da manhã até o início da tarde, Adib providenciou um projeto de lei autorizativo para uma concessão à iniciativa privada, por 40 anos, renováveis por outros 40, e mandou para a Câmara Municipal com um aviso público: dos 17 vereadores, quem não votar a favor não será mais atendido na prefeitura, pelo menos enquanto durar o seu mandato.
Dada a importância da matéria – a concessão é avaliada por uma pequena fortuna, entre R$ 1 e 2 bilhões de reais, afinal serão 80 anos – e como a notícia pegou a população desprevenida, o Legislativo catalano ainda não ousou colocar o projeto em votação, apesar da pressão do prefeito. E aí o debate sobre o assunto tomou conta das ruas. Não se fala em outra coisa.
Curiosamente, a SAE foi criada pelo mesmo Adib Elias que agora decidiu descartá-la. Lá pelo início dos anos 2.000, quando foi prefeito pela primeira vez, ele expulsou a Saneago, apropriou-se do seu patrimônio a título de indenização e percorreu um longo caminho judicial, até vencer a parada, no Supremo Tribunal Federal. O prefeito jura que as contas de água, em Catalão, são 30% mais baratas em comparação com o resto do Estado. A lucratividade da companhia é segredo, mas o comentário é que supera R$ 1,5 milhão por mês.
Na prática, o projeto encaminhado à Câmara – que vai aprovar – é só um primeiro passo. Estruturar a licitação, depois, não é trabalho para amadores. Será uma verdadeira monstruosidade burocrática e legal, debaixo dos olhos atentos da sociedade, do Ministério Público, do mundo empresarial e, não é exagero, do Estado todo. Adib Elias, que está no meio do mandato, garante que vai até o fim.