Quebra-cabeças de 7 milhões de peças impediu o loteamento político do segundo governo
Enquanto a classe política se consome de ansiedade, o governador Ronaldo Caiado persevera na falta de pressa para concluir a formação do secretariado do seu segundo mandato.
Aliás, nem se sabe se vai finalizar um dia. Desde a posse, em 1º de janeiro, Caiado revela alguma novidade de vez em quando e só. Mudanças pontuais. Formalmente, alega não se tratar de um novo governo e, sim, de uma sequência administrativa e política sem interrupção, já que era e continua como governador. Subentende-se que o secretariado pode até passar por um ajuste aqui e acolá. No fundamental, no que importa, fica com a mesma composição
Um único governador foi reeleito em Goiás, fora Caiado: Marconi Perillo, duas vezes. Em ambas as ocasiões, o anúncio da equipe de auxiliares se revestiu de pompa e solenidade, antes da posse. Presidentes reeleitos, como FHC, Lula e Dilma, também fizeram igual.
Caiado reescreveu esse script. Dentro e fora da sua base, os políticos reagiram mal. Isso não afetou o governador. Nesta semana, ele, sem abrir mão da fleuma, avisou: todos os que estiveram na sua chapa serão chamados. Nada detalhou ou aprazou. “Serão chamados”, disse resumidamente, provavelmente se referindo aos candidatos ao Senado Delegado Waldir, Alexandre Baldy e Vilmar Rocha.
A fala não acalmou as expectativas dos partidos da aliança eleitoral de 2022. Caiado está com a cabeça virada para outro rumo, concentrado em montar um quebra-cabeças, de olho no futuro – ou nas próximas eleições, a de 2024 e a de 2026, tendo como base uma gestão de qualidade e sem loteamento político. São sete milhões de peças, representando cada goiano e cada goiana, dentre os quais 4,8 milhões estão alistados para votar. A maioria escolheu reeleger o governador, no 1º turno. Em Goiânia, quase a metade. É esse o público a atender – e não os “políticos”. Daí a falta de prioridade para resolver as demandas desses últimos.
O que a população precisa não é aquilo que os políticos estaduais, pelo menos no momento, estão buscando. Tem muito pobre pelo Estado afora, talvez dois milhões em situação de miséria e outro tanto um pouco melhor, porém ainda em vulnerabilidade. Esse povo é agora o foco de Caiado, conforme repete desde que saiu o resultado das urnas do ano passado. Ajudar as famílias em carência social tornou-se uma cruzada para ele. Todas as atenções estão direcionadas nesse objetivo, para o qual, venhamos e convenhamos, a classe política tem pouco a contribuir e com o qual possivelmente nem concorda.