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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 mar

Caiado não será candidato a senador em 2026, mas, atenção: Gracinha pode ser

Meio que passou despercebido um pequeno trecho do discurso do governador Ronaldo Caiado na abertura da 20ª Tecnoshow, em Rio Verde, na última segunda, 27. “Não disputarei mais mandatos em Goiás”, reafirmou, acrescentando: “Vou terminar o segundo governo de cabeça erguida e respeitado”. Isso foi para o rodapé do noticiário.

Na verdade, a fala replica o já dito em um encontro com deputados da base, no início do ano. Não, Caiado não será candidato em 2026, exceto a presidente da República, uma eleição nacional, se surgir a oportunidade. A senador, um pleito estadual, descartado está. Parece uma decisão firme e, considerada a importância que  o governador dá às suas próprias palavras, irreversível. Se assegura que não é, não há hipótese de mais à frente mudar de ideia e vir a ser. Não no caso dele.

 

 

Mas, vejam bem, leitoras e leitores: há uma hipótese subjacente a esse cenário desenhado para daqui a quatro anos. A primeira-dama Gracinha Caiado, líder dos bem-sucedidos programas sociais a caminho de se transformar na prioridade absoluta do segundo mandato, pode concorrer ao Senado e assim defender o patrimônio político e eleitoral anexado ao sobrenome ilustre da família. É um capital valiosíssimo, cada vez mais em alta, conforme evolui a gestão – com as arcas abarrotadas, a máquina administrativa racionalizada e plena de possibilidades de realizações.

Hoje, para o governo do Estado, o céu é o limite. Queira ou não, isso tem repercussão eleitoral. Venhamos e convenhamos: estamos falando de um político hiper experiente que, primeiro, é movido por convicções morais sem paralelo no meio e, segundo, não dá passos sem se sentir no domínio da situação. Ou seja: Caiado nunca age sem conexão com a sua biografia e com o seu jeito de fazer as coisas. Daí sairá, ou não, a postulação de Gracinha – o que leva à conclusão de que é uma questão para resolver lá na frente, jamais agora.

Para lançar a primeira-dama no pleito de 2026, o governador precisará se desincompatibilizar nove meses antes do final do mandato, como se sua fosse a candidatura. A rigor, não será ele. Na prática, será. É cedo, portanto, para raciocinar sobre essas circunstâncias. Ninguém precisa queimar as pestanas com essa perspectiva, a exemplo do presidente estadual do PP Alexandre Baldy, que insiste desde já em anunciar a sua candidatura ao senado em 2026.