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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

05 abr

Via Alckmin e Delúbio, Marconi procura Lula para unir a centro-esquerda em Goiás

O ex-governador Marconi Perillo atua nos bastidores para se compor com o presidente Lula, usando canais de interlocução como o vice-presidente e ministro da Indústria & Comércio Geraldo Alckmin e o mensaleiro Delúbio Soares. O objetivo final é a montagem de uma frente de centro-esquerda em Goiás.

O novo grupo marcaria presença nas próximas eleições, a municipal do ano vindouro e a estadual de 2026. A disputa pela prefeitura de Goiânia é o principal alvo a curto prazo – e, caso a manobra venha a ser bem sucedida, Marconi admite até ser candidato a prefeito, hipótese descartada formalmente, porém mesmo assim colocada na mesa de negociações. Pessoalmente, ele diz preferir os nomes da deputada federal Adriana Accorsi ou do ex-reitor da UFG Edward Madureira.

Uma operação parecida rumo ao PT e a Lula deu-se em 2022 e quase logrou êxito. Na última hora, o tucano desistiu, equivocadamente induzido pelo seu grupo próximo a concorrer ao Senado diante da “certeza”, na época, de que seria vitorioso, enquanto encabeçar uma chapa para enfrentar a reeleição do governador Ronaldo Caiado, com um nome do PT na vice, contaria com chances praticamente nulas.

Marconi articulou diretamente com Delúbio Soares, embora, paradoxalmente, tenha sido em um dos seus mandatos que a aposentadoria do petista como professor do Estado foi cassada. Abruptamente, abandonou as conversações e sequer deu satisfações da sua decisão de optar pelo pleito senatorial. Delúbio reagiu muito mal.

Mas a roda da política não para de girar. Por iniciativa do ex-governador, as tratativas voltaram, agora incluindo também os conselhos e a ajuda de Geraldo Alckmin. Este sugeriu a filiação de Marconi ao PSB, fixando assim com mais força um perfil de centro-esquerda e criando condições ideológicas para uma conciliação com Lula – o presidente e Marconi têm um histórico de agressões mútuas e sempre moveram-se em campos opostos.

Com a oposição em Goiás à beira da aniquilação, o ex-governador esperneia para encontrar um polo de antagonização em relação a Caiado e, ao mesmo tempo, criar condições para o seu retorno ao processo político depois das suas duas derrotas nas urnas e do esfacelamento do seu partido, o outrora poderoso PSDB, agora reduzido ao humilhante status de partido nanico.