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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

08 abr

100 dias: Caiado 2 começou acima das expectativas, mas Lula 3 arrancou abaixo

Nesta segunda-feira, 10 de março, os governos estaduais e federal empossados em 1º de janeiro completam 100 dias de gestão. Tradicionalmente, é um período usado para uma primeira avaliação, dado que as ações iniciais costumam ser suficientes para revelar compromisso – ou não – com o discurso de campanha e para mostrar o rumo escolhido pelas novas administrações.

Vamos lá: enquanto Caiado 2 sem dúvidas começou bem, Lula 3 não apresentou um desempenho aceitável. As pesquisas do momento (Serpes), no caso do governador de Goiás, cravam uma aprovação (soma dos itens ótimo + bom) superior a 61%, índice considerado espetacular. Já o presidente, pelo Datafolha, não passa de 38% nos mesmos quesitos. Dá para notar, leitoras e leitores: a diferença é grande.

Mas o que é uma façanha, para Caiado, é a sua baixíssima desaprovação: ruim + péssimo totalizam apenas 7,4%. Lula, coitado, amarga 29% negativos. Tanto para um quanto para outro, há motivos sólidos para os números obtidos. O governador goiano não só manteve incólume a filosofia e o modus operandi do seu mandato anterior, como ampliou seu raio de ação com quatro novos programas sociais, lançou um programa de obras de R$ 15 bilhões e deu partida a um projeto de construção de 40 mil casas, das quais seis mil neste ano. Resolveu erigir um gigantesco hospital de combate ao Câncer e acelerou o processo de transferência do semiaberto de Aparecida, abrindo espaço lugar a um polo industrial. Tudo isso e mais pelo menos 10 novas iniciativas, como a troca da frota do Eixo Anhanguera por ônibus elétricos e a ampliação da rede de fibra ótica pelos municípios, garantiram uma cara de atualidade, dinamismo e inovação para o governo.

Logo na sua abertura, vê-se, Caiado 2 plantou com firmeza e criatividade os pés no chão, clima e ambiente que as pesquisas refletiram. Lula 3 não chegou perto. Suas duas maiores “realizações” têm cheiro de naftalina: o restart da Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida. Ou a volta do PAC e do Mais Médicos. Fora daí, é um ladainha cansativa, sem fim e às vezes muito inconveniente, na tentativa de soprar o mofo. Nem um arcabouço fiscal logrou definir; o ministro da Fazenda Fernando Haddad fala, fala, mas sem sequer concretizar o mínimo, ou seja, divulgar uma folha de papel com as novas regras por escrito.

Comparar esferas de poder como a estadual e a federal é uma impropriedade. Ainda assim, é válido o paralelo entre elas, na busca de identidades políticas e vigor para fazer. Caiado 2 achou um caminho, mantendo a quebra de parâmetros bem-sucedida no primeiro mandato e indo além do prometido para a reeleição. Lula 3 caiu no mais do mesmo em relação a si próprio. Não atendeu às esperanças suscitadas pelo seu nome e pela sua figura histórica. Tempo para se recompor, há, para evitar a perda dos próximos quatro anos – os mesmos que, no caso de Goiás, serão de qualidade assegurada.