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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 abr

Como a presidência de Marconi reduziu o PSDB à insignificância em Goiás

O jornal O Popular descobriu que o PSDB está reduzido a quatro diretórios municipais: Goiânia, Aparecida do Rio Doce, São João D’Aliança e São Luís de Montes Belos. No restante do Estado, não existe mais. É inacreditável. Por 20 anos, após a surpreendente eleição de Marconi Perillo em 1998, a legenda foi a de maior presença política em Goiás.

Essa transformação drástica de um grande partido em pó de traque nunca foi vista antes. O MDB, o derrotado de 1998 após 16 anos de fastígio, sobreviveu com a força e a capilaridade incólumes. Disputou todas as eleições majoritárias enquanto o Palácio das Esmeraldas seguia entregue ao comando dos tucanos e quase venceu algumas. Manteve-se como oposição ativa e em alguns momentos incomodou profundamente os donos do poder. Nunca entregou os pontos.

Detalhe importante: foi sob a presidência de Marconi que o PSDB resumiu-se a essas quatro cidades apontados por O Popular. A gestão do tucano-mor à frente do partido revelou um absoluto desinteresse pelo coletivo e foco exclusivo na sua situação pessoal, além de equívocos em série. Com os instrumentos de governo nas mãos, era fácil articular politicamente e dar a impressão de supremacia. Na planície, isso não durou uma semana.

Marconi vive anunciando que vai percorrer o interior para reaglutinar o partido. Iris Rezende, em pessoa, fez isso quando o MDB caiu do galho. Chegou a viajar sozinho, acompanhado apenas pelo motorista, para reunir os cacos da sigla nos municípios. Ninguém é capaz de imaginar Marconi fazendo o mesmo. Isso não condiz com o modo de vida que ele leva, o mesmo que o derrotou duas vezes para o Senado. Só que parece não perceber.

Anotem, leitoras e leitores: o PSDB é página virada na história política do Brasil e de Goiás. Nunca ressuscitará. Hoje, é menos que nanico. Mais cedo ou mais tarde, o próprio Marconi abandonará o barco, para continuar cometendo erros sob outro abrigo partidário e virar objeto de estudos sobre uma trajetória incrível e inusitada – que foi do zero às alturas e daí voltou ao zero.