Como o PT, Marconi e o agro erraram feio ao prever alta dos alimentos com a “taxa do agro”
Como argumento para combater a instituição da chamada “taxa do agro”, ou seja, a contribuição fiscal sobre determinados produtos agropecuários e da mineração criada pelo governador Ronaldo Caiado em janeiro deste ano, a bancada do PT na Assembleia (Adriana Accorsi e Antônio Gomide), o ex-governador Marconi Perillo e as lideranças do agronegócio fizeram uma previsão até com alguma lógica: com o novo ônus, os alimentos teriam os preços elevados em Goiás, prejudicando os consumidores em geral.
Accorsi e Gomide votaram contra a matéria na Assembleia e se calaram ante a invasão e depredação do plenário, comandada por agrotrogloditas exaltados. Marconi, idem. Até o fim, insistiram na tese dos supostos efeitos inflacionários da taxação. No caso da posição dos parlamentares petistas, houve uma estranheza maior porque o ruralismo goiano é 100% bolsonarista raiz e fez uma campanha agressiva contra a eleição de Lula, simbolizada pela imensa frota de pick-ups cabine dupla nas ruas, decoradas com ataques ao candidato do PT e exaltação de Jair Bolsonaro e do seu símbolo máximo, a própria bandeira do Brasil. Mesmo assim, tiveram o apoio de Accorsi e Gomide.
Caiado não se intimidou. Reafirmou a destinação total do dinheiro arrecadado para o Fundeinfra, de onde sairia para custear a reforma e manutenção das estradas e pontes destruídas pelos vaivém dos caminhões superpesados da agricultura, pecuária e mineração. A taxa foi aprovada pela Assembleia por maioria folgada. Na sequência, venceu no Supremo Tribunal Federal: a Corte antecipou, em um julgamento liminar, a sua perfeita constitucionalidade.
Vamos lá: passados quase seis meses, não houve aumento de preços quanto a qualquer dos alimentos cuja matéria prima é oriunda dos produtos que recolhem a taxa. Carne, caiu. Óleo de soja, nem se fala: na rede Bretas, por exemplo, uma garrafa pode ser comprada por R$ 5,49, conforme prova a foto acima (chegou a quase R$ 10,00 quando a cobrança do novo tributo foi iniciada). Frango, que demanda rações à base de milho e soja, caiu. Cana de açúcar, como visto nas bombas de etanol dos postos de combustíveis, também caiu.
Enquanto isso, mais de R$ 500 milhões já foram arrecadados e direcionados para o Fundeinfra, que já promove licitações para as suas primeiras obras rodoviárias, aliás priorizando regiões produtoras. Os petistas, Marconi e as lideranças do agro, está claro, se equivocaram e estão a dever desculpas às goianas e aos goianos. A “taxa do agro” trouxe justiça fiscal, ao incluir entre os pagadores de impostos setores historicamente isentos e livres da obrigação de ajudar na expansão e conservação da infraestrutura da qual são os maiores usuários. Foi um avanço e tanto para Goiás. E com reflexo zero na mesa das famílias, hoje abastecida a valores abaixo do início do ano.