Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 jun

Em 40 anos, Ferrovia Norte-Sul foi repetidamente inaugurada. Espera-se que nesta sexta, 16, pela última vez

Em 40 anos, todos os políticos em circulação pela presidência da República inauguraram trechos da Ferrovia Norte-Sul até que, nesta sexta, 16, o presidente Lula faz a entrega da totalidade de uma linha férrea de monumentais 1.500 quilômetros, na etapa São Paulo-Goiás-Tocantins, cuja construção estourou em várias vezes o orçamento inicial (a preços de hoje, custou R$ 33 bilhões) e foi marcada por escândalos homéricos de corrupção.

Começou com José Sarney, passou por Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula 1 e 2, Dilma 1 e 1/2, Michel Temer, Jair Bolsonaro e finalmente Lula de novo. Mas, agora, presume-se, é definitivo, mesmo porque locomotivas já puxam a todo vapor vagões carregados de grãos rumo aos portos de Santos, no Sul, ou de Itaqui, no Maranhão, em conexão respectiva com a Malha Paulista e a Ferrovia Carajás. No ano passado, já foram transportados 4,1 milhões de toneladas de grãos (soja, farelo e milho) produzidos exclusivamente em Goiás, no balanço geral, chegando a um movimento de 16,1 milhões de toneladas.

Parece portentoso. Pelo sim, pelo não, a nova ferrovia (nova?) representa uma oportunidade de redução de custos de frete para a agricultura goiana, em um momento de preços em baixa significativa, apesar das previsões de alta dos alimentos com o advento da “taxa do agro” criada pelo governador Ronaldo Caiado. A cotação das commodities, como se sabe, é determinada pelo mercado internacional e só raramente, em caso de calamidades climáticas, por fatores internos. A ‘taxa do agro” já carreou R$ 510 milhões da agropecuária e da mineração para os cofres do governo do Estado, sem nenhuma repercussão inflacionária, como prognosticado pelos representantes do ruralismo, pelos deputados do PT na Assembleia Legislativa e até pelo ex-governador Marconi Perillo, que cerraram inutilmente fileiras contra o tributo.

A inauguração em Rio Verde á a primeira, em expressão, do governo Lula 3. E uma oportunidade de aceno do petista ao agro, área da economia com a qual, como ele próprio reconhece, “tem um problema ideológico”. Sim, em especial pela sua insistência em repetir o discurso polarizador do seu antecessor Jair Bolsonaro, obviamente com os sinais trocados, mais um dos erros em cascata que o petista vem cometendo desde que assumiu o Palácio do Planalto.

 

ATUALIZAÇÃO

A visita de Lula a Rio Verde foi cancelada sob alegação de mau tempo para aviões, na região Sudoeste.