Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 set

MDB acompanhará a decisão de Caiado em Goiânia, até mesmo com Vanderlan, indica Daniel Vilela

 

Mais acidental do que articuladamente, o empresário Vanderlan Cardoso acabou se posicionando bem quanto as eleições municipais do ano vindouro em Goiânia. Tem um forte recall, decorrente das suas duas candidaturas imediatamente anteriores ao Paço Municipal, aparece com destaque nas pesquisas (em muitas delas em 1º lugar) e oferece um butim político de valor em troca do eventual apoio que receber do MDB (a ascensão de um emedebista, o seu 1º suplente Pedro Chaves, ao Senado) e da base do governista (seu comprometimento com o nome do governador Ronaldo Caiado para a sucessão estadual de 2026, ou seja, Daniel Vilela, afastando-se de eventuais adversários, como o senador Wilder Morais).

Tem mais. Vanderlan é presidente do PSD goiano, legenda que tem uma bancada federal significativa e garante acesso a verbas consistentes dos fundos partidário e eleitoral. A influência de um senador no encaminhamento desses recursos é imensa. Não faltará dinheiro para impulsionar a campanha. Associado a grandezas como o MDB e o União Brasil, sem falar em outros portentos da estrutura política presidida por Caiado em Goiás, o nome do PSD pilotaria um potencial financeiro extraordinário e talvez decisivo para uma disputa a caminho de contar com uma antagonista também excepcionalmente situada como a deputada federal Adriana Accorsi, já confirmada para representar o PT na capital.

Uma segurança maior nas chances de impor uma derrota ao PT, isto é, à esquerda, em um dos principais centros urbanos do país, a menos de 200 quilômetros de Brasília, é outra vantagem oferecida por Vanderlan, acrescentando consistência ao projeto presidencial de Caiado. Ele, de certa forma, transformou-se em um fenômeno, na medida em que não tem nenhuma liderança orgânica, atua isoladamente e não se conecta com setores da sociedade – nem dentro do grupo do qual é originário, o do grande empresariado, nem nos municípios. Ainda assim, já disputou o Palácio das Esmeraldas por duas vezes, igualmente o Paço Municipal, não vencendo em nenhuma delas, mas acumulando créditos graças às boas votações conquistada. Em especial, em Goiânia, onde se classificou para o 2º turno uma vez enfrentando Iris Rezende e outra Maguito Vilela.

O que Vanderlan faz, no momento? O previsível: consciente de que aval de Caiado e Daniel elevaria às alturas o seu cacife em Goiânia e provavelmente o colocaria perto de imbatível, ele se desdobra em afagos e declarações manifestando interesse expresso em se compor com os dois. Recorre a uma velha máxima da política profissional, que é esquecer as mágoas e olhar para o futuro e está com a razão. Que Caiado, portanto, não considere que foi “traído” ao não receber a reciprocidade pelo apoio a Vanderlan em 2020, aliás, contra Maguito e que Daniel, filho de Maguito, também proceda de forma idêntica, bebendo das águas do rio Lete para passar uma borracha na pesada troca de ataques no mesmo 2020 em Goiânia. Daniel Vilela, a interlocutores, já deu uma dica: se Caiado ficar com Vanderlan, ele e o MDB acompanharão.

 

LEIA AINDA

Em Goiânia tudo é possível, até apoio de Caiado e Daniel a Vanderlan

Com o aval de Daniel Vilela e do MDB, Rogério Cruz estaria com a reeleição viabilizada

Apesar das “interpretações” das suas palavras, Caiado ainda não levantou o drone sobre Goiânia e Aparecida

 

O futuro encarnado por Vanderlan é de fácil entendimento: vencendo ou não em 2024, o senador não se alinharia mais com a oposição na subsequente eleição de 2026. Quando muito, em caso de derrota agora, pleitearia uma vaga na chapa majoritária para tentar se reeleger para a mais alta Câmara Legislativa do país. Não é muito e é algo a ser resolvido lá na frente. Como disse Daniel Vilela a um interlocutor, a questão central, em tudo isso, seria a recuperação da confiança perdida por Vanderlan ao apoiar o estranho no ninho Major Vitor Hugo contra a reeleição de Caiado, jogando no lixo a obrigação de mutualidade pelo que recebeu do governador do passado. Esse é um desafio e tanto a vencer. Sobre o qual, até então, o senador não disse uma palabra.