Goiânia Adiante do “prefeito Rogério” nunca passou de estelionato político
Inacreditável: o prefeito Rogério Cruz lançou o programa Goiânia Adiante, pomposamente anunciado como um pacote de investimentos de mais de R$ 1,7 bilhão, sem ter nem um único real assegurado para a execução dos projetos listados. Na verdade, houve foi uma lambança sem precedentes na história da prefeitura da capital, desmascarada agora, em detalhes, depois de revelada pelo projeto de lei do Orçamento municipal para 2024, encaminhado por determinação legal à Câmara de Vereadores.
É um escândalo. A par de reduzir os investimentos do Paço Municipal, o texto não cita em nenhum momento o que será destinado para o Goiânia Adiante, anunciado em outubro do ano passado, quando deveria apresentar uma detalhada e exata previsão da aplicação em obras do mencionado R$ 1,7 bilhão. O dinheiro simplesmente não existe. Foi uma invenção maliciosa, a propósito contestada na época pelo então secretário de Comunicação Tony Carlo – ele deixou a equipe de Rogério Cruz exatamente por isso, após ficar contra inventar um programa de obras sem o menor fundamento financeiro. Seria uma verdadeira loucura, no lugar da qual o correto seria aprofundar a qualidade dos serviços rotineiramente prestados no dia a dia da prefeitura, como a coleta de lixo, tapa-buracos ou estratégias para minimizar alagamentos (que estão chegando com a estação chuvosa e vão levar Goiânia ao caos, já que nenhuma prevenção foi adotada).
Nem antes nem depois do Orçamento para 2024 houve algum dia qualquer provimento de verbas para o Goiânia Adiante. É uma piada. Em um país sério, deveria servir para afastar o gestor envolvido. Talvez até colocá-lo na cadeia. Não, não é exagero. A irresponsabilidade de Rogério Cruz não tem limites. A única defesa possível é que ele tem limites intelectuais e não compreende as funções e atributos do cargo que caiu no seu colo com o passamento inesperado do titular Maguito Vilela. Para infelicidade das goianienses e dos goianienses.
LEIA AINDA
Cartas de leitores e manchetes de O Popular corroem diariamente a imagem de Rogério Cruz
Tarde demais: mudanças cosméticas não vão salvar a reeleição do “prefeito Rogério”
Consultoria de Braga só tem um resultado possível: aconselhar Rogério Cruz a desistir da reeleição
O próprio marqueteiro contratado para a tentativa de sobrevivência do prefeito, candidato inviável à reeleição, deu nesta semana um curto parecer que diz tudo sobre o triste mandato de Cruz. Em declarações a O Popular, Jorcelino Braga afirmou que “não havia nenhum planejamento”. Ele se assustou. O resultado foi uma disparada nos gastos, com a folha de pessoal alcançado mais da metade da receita. Virou uma bagunça geral, estimulada pelas mais de 100 trocas de secretários, definindo com clareza a imagem de um prefeito cínico e antiético ao usar e descartar auxiliares sem dar satisfações, espécie da excrescência da política em Goiás, a começar por chutar para fora a qualificada equipe indicada pelo MDB para apoiar a sua direção acidentalmente conquistada e isso partindo de um poder a que devia tudo… ao MDB. Em sua insanidade, o ex-pastor e ex-executivo da Rede Record abriu mão no início do aliado que dois anos depois foi chamado nada mais nada menos do que pelo governador Ronaldo Caiado para figurar como vice na sua chapa da reeleição. Daniel Vilela, e sucessor designado.
Pois é: Goiânia Adiante não passou de uma farsa, se autodenuncia agora o próprio Paço Municipal através da lei orçamentária enviada à Câmara. Lá, não há uma palavra a respeito. A omissão fala alto. Caso de polícia. Não se brinca com as expectativas de 1,5 milhões de goianienses. O “prefeito Rogério” nunca foi “prefeito”, mas uma caricatura de administrador, impondo a Goiânia um dos maiores retrocessos da sua história, que tragicamente ainda vai durar por pouco mais de um ano, tempo que vai ser longo demais.