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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 out

Iris deixou 56 obras inacabadas e R$ 2 bi em caixa, criando a oportunidade de ouro que Rogério jogou no lixo

Se tivesse tutano e juízo, Rogério Cruz teria assumido a prefeitura de Goiânia dando preferência ao roteiro estabelecido pelo titular Maguito Vilela: concluir as 56 obras inacabadas deixadas por Iris Rezende, aproveitando a folga dos quase R$ 2 bilhões legados nos cofres municipais, inaugurando uma por semana enquanto elaborava o seu próprio plano de trabalho a desenvolver a partir do segundo ano do mandato. Era o óbvio. Porém não foi o o caminho percorrido por alguém que passou 10 anos na África distribuindo cisternas sem aprender nada sobre interesses coletivos. “Prefeito Rogério” tinha uma rumo claro a seguir. Desandou e meteu tudo pelo ralo.

Na campanha, Maguito chegou a assumir que a sua prioridade estaria em sequenciar o período de Iris. E não poderia ser diferente. Seria um caso raro em que obras não finalizadas dariam a um gestor subsequente a chance de mostrar proficiência e proatividade. Cruz se meteu numa barafunda e se perdeu. Ninguém hoje é capaz de citar algo que ele tenha feito com potencial para criar uma marca ou uma identidade administrativa. Outro dia, inaugurou um centro de atendimento a idosos em um bairro qualquer. Nem o prédio era novo, apenas reformado. Esse tipo de coisa não dá substância para um prefeito justificar a sua recondução ao cargo. E é o que as pesquisas mostram: o 5º ou 6º lugar, com uma mixaria de intenções de voto.

Para justificar o desastre, o que se cochicha até hoje no Paço Municipal é que Iris legou um buraco nas contas (em voz alta, falta coragem para dizer). Não é verdade. O velho cacique emedebista não era perfeito, mas nunca entregou um cenário de caos após seus governos, seja quanto ao Estado seja na prefeitura da capital. Isso, não. As obras inacabadas, em sua maioria com mais de 70 a 80% de implantação, decorreram do elevado volume de projetos elaborado por uma das prefeituras mais ativas de todos os tempos, em Goiânia. Maguito enxergou aí uma possibilidade e e alinhavou na campanha que o seu foco seria a continuidade dos dias de Iris. Fácil. Repetindo, daria para fazer uma grande inauguração por semana, logo no primeiro ano do mandato. “Prefeito Rogério” desperdiçou essa oportunidade de ouro pelo ralo.

 

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De resto, que visão têm esses paraquedistas – o Rogério, o Firmino e o resto – que pousaram na sorte de uma das cidades mais bonitas e agradáveis do Brasil? Gente desmiolada, cuja diversão é inflar a folha de pessoal e inventar programas amalucados sem planejamento e sem qualquer suporte orçamentário, como o infeliz Goiânia Adiante e seus antecessores Goiânia em Nova Ação e Cidade Inteligente. Tudo desbragada empulhação. Tudo exalando o odor fétido da incompetência, da irresponsabilidade e do charlatanismo, para o meu, o seu, o nosso azar, leitoras e leitores.