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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 nov

Grau alto de segurança em Goiás tem a ver com a PM e desacreditar a corporação não ajuda

Aconteceu de novo: a exemplo do caso ocorrido em Maceió narrado neste blog, uma família goiana em férias na Bahia foi surpreendida pelo comentário da motorista do Uber, no trajeto entre o Aeroporto de Salvador e o hotel, com uma apreciação positiva sobre a atuação do governador Ronaldo Caiado no combate ao crime em Goiás. “Vi uma entrevista do seu governador na televisão. Ele fala bem, tem uma voz clara, é firme e duro. Falou que lá no Estado de vocês bandido não tem vez. O crime caiu, vocês não têm esse problema que, aqui na Bahia, é sério. O Brasil está precisando de um homem assim”, disse a senhora com mãos bem cuidadas no volante. Está aí, mais uma vez, uma prova de que, nacionalmente, o nome de Caiado é cada vez mais conhecido da maioria da população em razão da aspiração por uma segurança pública de qualidade, qual seja a contenção da criminalidade pelo país afora.

Essa bandeira é de Caiado. E ele a reforçou, mais uma vez, com a indignação geral diante da descabida e esdrúxula proposta formulada por um desembargador em meio a um julgamento, no sentido de extinguir a Polícia Militar. A repercussão foi negativa e levou o próprio magistrado a se desdizer, chamando os membros da PM de “dignos” e de merecedores da confiança popular. Confessou até que não “andou bem” com o comentário. A reação do governador mostrou pulso. E o meritíssimo foi afastado pelos próprios colegas do Tribunal de Justiça e depois colocado “sub judice” pelo Conselho Nacional de Justiça, em um limbo onde aguarda seu próprio “julgamento”. Deve ser punido por uma fala, em última análise, com potencial para estimular a criminalidade, ao descredenciar os agentes de segurança do Estado. Só o jornal O Popular aplaudiu e o ex-governador Marconi Perillo aplaudiram. O veículo de comunicação da família Câmara nunca viu a PM com bons olhos e sempre colocou a sua atuação sob suspeita, quaisquer as circunstâncias (conforme mostrado nos próximos parágrafos). Já Marconi tenta se aproveitar do que enxerga como uma janela de oportunidade para fazer oposição a qualquer preço.

Tudo isso parece ser efeito da doença infantil do esquerdismo que contamina alguns jornalistas, ao acreditar que o bandido é uma vítima das desigualdades sociais. Cadeia, na visão deles, é colônia de férias, a exemplo das matérias publicadas nesta semana também por O Popular a pretexto de fustigar o sistema penitenciário do Estado. O jornal acha que a inspeção judiciária sobre as condições prisionais “é mais uma fonte de desgastes para Caiado”. Que desgastes? Caiado segue firme com 70% de aprovação para o seu governo, grande parte desse recorde de avaliação produto da rigorosa atuação das polícias Civil e Militar. Acabou o novo cangaço. Não se explodem caixas eletrônicos há tempos. O preço do seguro das pick-ups cabine dupla desabou. Finalmente, passou a ser possível sacar dinheiro no banco sem correr risco de vida e até atender ao celular na calçada. Essas ocorrências e outras, de muito maior gravidade, como os homicídios, tiveram uma redução drástica. Essas notícias, no entanto, nunca aparecem em O Popular. O jornal jamais publicou uma linha de iniciativa própria apontando para essa conquista. No máximo, reproduz uma ou outra declaração de alguma autoridade policial, nada mais.

 

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É fato: os Câmara têm ojeriza pela polícia, em especial a PM. De dois dias para cá, empenham-se em exigir uma penalização para os superiores de um soldado morto em um acidente de moto durante um treinamento, quando até o Ministério Público já pediu o arquivamento da investigação pela convicção de que, lamentavelmente, foi a própria vítima a responsável pela tragédia. É assunto encerrado, porém eles insistem. A “reflexão pessoal” do desembargador, ao pedir a extinção da PM, foi cantada em prosa e verso por O Popular como lícita. A “reflexão pessoal” de Caiado criticando esse juiz e levantando a hipótese do seu “impeachment” (que não há, portanto foi uma figura de linguagem) não passou de “interferência” na autonomia do Judiciário.

Durma-se com um barulho desses. A PM não é um antro de profissionais de segurança especializados em desrespeitar a lei. A corporação, sob o comando de Caiado, endureceu, sim, a sua ação policial e ajudou a cumprir a promessa celebrizada pelo mote “bandido, em Goiás, ou muda de profissão ou muda de Estado”. E aconteceu. Se O Popular encomendar uma pesquisa, confirmará: as goianas e os goianos estão a favor do seu trabalho e dos seus métodos. Gente de outros Estados tem inveja. Até mesmo quando há excessos – e provavelmente os há, como por toda parte, inclusive no jornalismo e entre quem julga seus semelhantes, ainda assim o apoio é mantido. Mas é para resolver os eventuais desmandos que existem a Corregedoria da própria PM, a Justiça Militar, o Ministério Público e os demais órgãos de controle. E O Popular forçando a barra.

O Código de Processo Penal não autoriza que juízes façam “reflexões pessoais” durante julgamentos ou seria o caos, como amplamente demonstrado no caso da inusitada defesa da extinção da PM, piorada pela falta de apresentação de provas ou sequer indícios de que essa medida radical traria benefícios para a sociedade. Se pudesse voltar no passado, o desembargador que deflagrou essa polêmica não abriria a boca, como ele mesmo praticamente admitiu. Melhor ficar e apoiar a nossa Polícia Militar. Perfeita, ela não é. Mas garante o nosso sono e é disso que precisamos.