O misterioso Wilder Morais, maior adversário de Daniel Vilela em 2026
O que pensa, faz e planeja para o seu futuro político Wilder Morais, prestes a completar o primeiro dos oito anos do mandato conquistado por influência de Jair Bolsonaro no Senado Federal com uma votação mínima e não representativa? Faltam respostas. Sem exagero, tudo em Wilder é mistério: não circula, não tem grupo político, é presença ocasional em eventos, quase não vai aos municípios, não dá entrevista, não discursa da tribuna exclusiva a que tem direito na mais alta Câmara Legislativa brasileira, nada se sabe sobre alguma eventual proposta apresentada como legislador privilegiado e, finalmente, nunca, mas nunca mesmo, deu qualquer pista sobre o pretendido para 2026, quando haverá eleições para o governo de Goiás e estará apenas no meio do seu passeio senatorial. Para fechar esse círculo de isolamento, raríssimas vezes é mencionado em notas ou matérias jornalísticas. Uma exceção a confirmar essa rotina foi a aparição no enterro do jornalista Batista Custódio, sábado, 25, de quem nem era amigo.
O senador vive nas sombras. Mesmo o seu colega Vanderlan Cardoso, de perfil político e pessoal até certo ponto semelhante, chama mais atenção e desfruta de uma ampla visibilidade quanto aos seus planos para os próximos pleitos e desempenho no Senado, onde preside a segunda mais importante Comissão, a de Assuntos Econômicos. No caso de Wilder, o que aprofunda esse excesso de reserva é a lembrança de que já se sentou por pura sorte em uma cadeira senatorial, por sete anos e dois meses, em substituição ao titular Demóstenes Torres, como primeiro suplente. Alguém já viu um balanço sobre essa experiência parlamentar inicial de Wilder? Não, ninguém é capaz de apontar um único fato, um acontecimento sequer, de destaque a chamar atenção para a sua passagem por um plenário onde a exposição aos holofotes é a vantagem principal.
Alguns dirão que pode ser uma estratégia, ao poupar o senador de desgastes e ele realmente não os tem, e pavimentar projetos decorrentes de um horizonte político favorável. Sim, Wilder jamais cometeu erros ou se envolveu em polêmicas desnecessárias, nem quando necessárias. Incrivelmente, há dúvidas frequentes quanto a sua aparência, se a sua cara está limpa ou se usa barba e bigode ou tudo junto em um cavanhaque mefistofélico: nas suas redes sociais, ora se mostra com o rosto liso ora adornado. Ideologicamente, seria de direita civilizada, bolsonarista entusiasmado provavelmente por conveniência eleitoral e não por convicção. Um jatinho em sociedade com o deputado federal Prof. Alcides fica permanentemente à disposição dos deslocamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro. É um tipo de pragmatismo caro, porém rentável, assegurando a simpatia de um dos cabos eleitorais mais influentes do país.
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Apesar de quieto, sumido, Wilder se transformou no sujeito oculto da disputa pelo Palácio das Esmeraldas daqui a três anos. Desde já, é visto como o inevitável adversário mais forte que o vice-governador Daniel Vilela enfrentará como candidato da base do governador Ronaldo Caiado. Atenção: Wilder é amicíssimo de Caiado. Um aliado na política e um chegado na vida privada. Frequentemente viajam juntos, para compromissos oficiais ou descanso, deferência que o governador não concede a ninguém fora da sua família. Se for lançado como oposição a Daniel, não o será em hipótese alguma contra Caiado. No limite, poderão estar no mesmo partido, o PL, caso o projeto presidencial do governador cresça e, sem o respaldo do União Brasil, venha a ser abraçado por Bolsonaro. Isso turvaria completamente o cenário das próximas eleições estaduais.
Sem se mexer, Wilder Morais também se beneficia por inércia, crescentemente, da condição de polo catalisador das insatisfações quanto a Caiado e mais ainda em relação a Daniel Vilela. Registre-se que ele não toma iniciativas para atrair os descontentes, mas os recebe como um destino natural, dado aos olhos postos sobre as expectativas sucessórias para 2026. Ele veste bem esse figurino. A roupa parece sob medida. Seu papel é só esperar com paciência e tranquilidade a chance de ver o governo de Goiás cair no seu colo.