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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 dez

Estimulada por Lula e Bolsonaro, polarização caminha para influenciar 2024

Muitos esperam que as eleições municipais de 2024 ocorram sob a demanda do eleitorado por gerentes qualificados para as cidades onde mora. Mas parece ser essa uma vã esperança. A polarização ideológica tomou conta do país nos últimos anos, continua acesa e tende a se repetir nas urnas do ano próximo, reproduzindo o confronto protagonizado por Lula e Jair Bolsonaro pelo menos na maioria dos centros urbanos de grande porte.

Lula e Bolsonaro não baixaram a bola. Diariamente, trocam ataques e alfinetadas irônicas. Isso alimenta o ambiente – nocivo – de antagonização das visões de mundo encarnadas em ambos. Em respostas, seus exércitos de seguidores seguem ativos nessa luta imaginária, contaminando todos os segmentos sociais. 2024 será como se em cada canto do Brasil o próprio Lula estivesse enfrentando uma mini eleição contra um Bolsonaro mais vivo do que nunca.

 

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Partindo do último banco de dados disponível para Goiás, os boletins do TRE quanto ao pleito de 2022, pode-se concluir: a reprodução local do cansativo enfrentamento entre Lula e Bolsonaro beneficiará os candidatos a prefeito identificados com o ex-presidente. O viés favorável à direita tem potencial para encaminhar resultados importantes como o de Goiânia, Anápolis e Rio Verde, para ficar em exemplos políticos marcantes. Nesses colégios eleitorais, a disputa presidencial foi francamente favorável ao Jair, ao creditar a ele além de dois terços dos votos, em detrimento do Lula, com um desempenho até abaixo da sua média estadual beirando os 40% dos sufrágios.

Petistas como Adriana Accorsi, em Goiânia, e Antônio Gomide já sabem que vão entrar em uma pista de corrida repleta de obstáculos, enquanto os adversários correrão em raia livre. Não à toa, desde já os dois começam a desfraldar um discurso centrado em sugerir a busca por um gestor categorizado como chave para o veredito popular e não o embate de ideias. O mundo real, no entanto, aponta em sentido contrário. Melhor: Lula e Bolsonaro dão o tom da campanha, antecipando uma briga que mantém agudo o passado recente e não dá sinais de esgotamento.