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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 dez

Um acerto de Braga: com 30% de aprovação, nenhum governante consegue se reeleger

Conforme este blog previu há seis meses, quando saiu a notícia de que o marqueteiro Jorcelino Braga fora convocado para comandar um processo de recuperação da imagem do prefeito Rogério Cruz e, na sequência, viabilizar a sua reeleição, toda essa estória deu em nada – e, lembram-se, leitoras e leitores, do dito aqui? – nem poderia ser diferente. Braga estava condenado a acabar com os burros n’água. E acabou.

Com as peculiaridades  inerentes a cada um, tratava-se de um desafio insolúvel conciliar o ego do detentor do trono do Paço Municipal (e da turma à sua volta) com o de um profissional de comunicação conhecido por colocar as suas manias e preferências acima dos interesses da clientela. Braga é o marqueteiro mais bem sucedido da história de Goiás, com um impressionante currículo de vitórias em eleições municipais (quanto as estaduais, não: ele só venceu uma até hoje, a de Alcides Rodrigues, o ganhador de 2006 muito mais em razão da sua condição de poste do então governador Marconi Perillo do que por qualquer outra estratégia). Sua praxe não tem segredos: se está encarregado de uma campanha, o candidato deve obedecer calado ao que ele determina, coisa mais fácil de arrancar de um político municipal, porém muito mais difícil quanto a um estadual.

Já o Rogério é um homem simples, jamais complicado. Aparentemente, sem malícia. O seu problema é que, sendo um prefeito enfraquecido, terminou se rodeando de lobos – e esses fazem de tudo para manter seus nacos de poder, isto é, têm como permanente o objetivo de conservar Cruz no cargo, no entanto, sem força. Caso o destino traga de presente mais um mandato, como veio o primeiro, ótimo. Ao contrário, pouco importa, e eles seguirão aproveitando o agora para devorar com avidez as vantagens da proximidade com o chefe maior e daí exercendo até o fim de 2024 a máxima influência dentro da prefeitura. Os tais “feudos” que Braga identificou com facilidade no início da sua fracassada assessoria.

 

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Pelo sim, pelo não, Braga não surpreendeu ao desistir da sua missão impossível. Era o esperado. Não houve novidade. Vale registrar: ao pular fora do barco, o marqueteiro prestou um último serviço ao desdenhar da meta autotraçada pelo prefeito, quando disse acreditar que 30% de aprovação para o seu governo seriam satisfatórios para botar a mão em mais quatro anos habitando o alto do Park Lozandes. “É um percentual insuficiente para uma reeleição”, pontificou ele sólida e corretamente sustentado em levantamentos como o do consagrado cientista político Alberto Carlos Almeida, em que estatísticas abundantes mostrando que a conquista de mais um mandato ou a eleição de um candidato do peito só vem com segurança acima de 50% de aprovação – e eventualmente acima de 40%, mas raramente. Abaixo, nem com ajuda dos anjos ou da reza dos evangélicos que infestam o Paço Municipal. Nisso, Braga está coberto de razão. Rogério Cruz deveria ouvir a advertência. Quem enfiou essa ideia sem a menor fundamentação na sua cabeça é um irresponsável e deveria ser afastado para longe.