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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 jan

Marden Jr., o Gustavo Mendanha que não deu certo

Com quase 100 mil eleitores, distribuídos em 2 núcleos urbanos, um a chamada cidade velha e outro a região conglomerada sob forte influência de Goiânia, Trindade caminha para uma das eleições mais animadas deste ano. Estarão se enfrentando o atual prefeito Marden Jr. e o deputado estadual e ex-prefeito George Morais. O primeiro vai para a disputa debaixo da inevitável deterioração de um mandato pobre em criatividade, sem obras e com as ruas esburacadas pelas chuvas, enquanto o segundo se escora na sua notável capacidade para campanhas eleitorais – não só ele governou a cidade por duas vezes, como, além da sua própria cadeira na Assembleia, tem a mulher Flávia Morais na Câmara Federal, aliás já pela 3ª vez.

Os Morais de Trindade são experts em angariar votos. Nenhuma notícia seria pior para Marden Jr. do que a candidatura de George, que ele e ela estão construindo habilidosamente, comendo pelas beiradas. O prefeito, um poste colocado no cargo pelo prestígio do antecessor Jânio Darrot, não conseguiu se afirmar e definir uma marca. É um político jovem, com cabeça de velho. Dedica-se às futricas diárias do provincianismo inerente a corrutelas do interior, cuida bem da vida dos parentes (um deles, o primo Cristiano Galindo, até logrou eleger deputado estadual). Não há brilho, não há inovação na gestão da chamada capital da fé, onde tudo corre modorramente no triste ritmo do mais do mesmo.

Enquanto isso, George Morais vem aí. Anotem, leitoras e leitores (de Trindade): ele não brinca em serviço. Nem mesmo perde tempo falando mal de Marden Jr.. No máximo, recorre a adjetivos como inexperiência e imaturidade para classificar o seu adversário. Pimba: tiro de canhão. Pois, se existe alguma unanimidade em torno do prefeito é a visão, entre as trindadenses e os trindadenses, de alguém despreparado para administrar um município que perdeu muito em qualidade de vida e projeção estadual depois que Jânio Darrot entregou o bastão.

Darrot está na origem dos desgastes do seu sucessor. Como fez um governo aprovado, por 8 anos, ele gerou uma expectativa entre o eleitorado de Trindade por um avanço ainda maior e elevou a autoestima dos munícipes (com um pedido de perdão pela palavra esquisita). É da natureza humana e é também um sentimento coletivo. Em havendo melhorias, é desse ponto que se parte. Marden andou para trás e com isso abriu o vácuo agora a beneficiar George Morais, de quem diga-se o que se quiser dizer, mas não que, na sua época, não foi um prefeito à altura das exigências daquele momento.

 

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Marden Jr. é um Gustavo Mendanha que não deu certo. Igualmente, sucedeu a um medalhão da política (Mendanha veio depois de Maguito Vilela, Marden após Jânio Darrot). Descontraidamente, também se apresenta rotineiramente com barba, camiseta e sapatênis até em solenidades oficiais. Mas falta a proatividade e redes sociais eficientes e comunicativas, o misturar-se com o povo. Acabou virando um pastiche de Mendanha, sem personalidade e um candidato debilitado face ao retorno ao palco das urnas de um dos monstros da política de Trindade. Como dito no 3º parágrafo, George Morais vem aí, em um movimento de ressurreição arrasador. Ninguém segura.