Canedo: Vanderlan diz que Izaura é quem administrou e não ele, que levou a fama
O senador Vanderlan Cardoso mantém vivo para Senador Canedo um discurso sugestivo que aponta para a candidatura a prefeita da sua mulher Izaura, pastora evangélica e 1ª suplente do senador Wilder Morais. Em entrevistas, discursos e mensagens para políticos do município, Vanderlan repete com insistência: nos seus 2 mandatos de prefeito, apenas assinava os papéis – ela, Izaura, é quem decidia e tocava as obras e os programas que marcaram positivamente a sua gestão, entre 2004 e 2010, quando renunciou para disputar e perder o governo do Estado (o vencedor foi Marconi Perillo, com Iris Rezende em 2º lugar).
“Dona Izaura é uma esposa diferenciada”, disse o senador na semana passada em um evento na Câmara de Vereadores. “Tudo era resolvido por ela, os programas sociais, a manutenção dos parques e jardins, era tudo mesmo. É aquela estória do prefeito levar a fama, mas era ela quem comandava, era ela quem resolvia tudo”, acrescentou Vanderlan, como mostra o vídeo posteriormente postado nas suas redes sociais. Óbvio: a repercussão tem sido grande, ao indicar que o lançamento de Izaura Cardoso em Senador Canedo está nos planos do senador, aliás em um momento de incerteza em Goiânia, isolado e sem apoio sequer do seu próprio partido, o PSD, para disputar novamente o Paço Municipal.
A estratégia parece clara: em acontecendo uma frustração cada vez mais provável na capital, com Vanderlan fora das urnas de outubro próximo, a sua mulher concorreria com chances consideráveis em um dos 5 maiores municípios goianos. Canedo é uma potência, muito menor em comparação com Aparecida, por exemplo, mas politicamente dispondo de um potencial semelhante, tanto que foi de lá que o dono dos salgadinhos Micos saiu rumo à trajetória que o acabou levando a uma cadeira na mais alta Câmara Legislativa do país.
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Candidata, Izaura teria inserção garantida em um cenário onde estão bem-posicionados, no momento, o prefeito Fernando Pellozo, em busca da reeleição, e a tentativa de ressurreição do ex-prefeito Divino Lemes. Ambos dividem o 1º lugar nas pesquisas publicadas até o final do ano passado. Quando a mulher de Vanderlan é listada, o quadro se desequilibra e ela praticamente se apresenta em pé de igualdade com os 2 principais postulantes já inscritos no páreo. No entanto, se Vanderlan conseguir uma solução e se lançar em Goiânia, quase certo é que a “esposa diferenciada” estaria fora da corrida em Canedo, evitando inevitáveis acusações de familiocracia – críticas, aliás, já lançadas contra Vanderlan, quando se insinua que ele replica Iris Rezende, na derrota de 1998, em que dona Iris foi suplente de Maguito Vilela para o Senado e deu de graça aos adversários o devastador mote da “panelinha”.
Cônjuges na política, levadas pelo prestígio dos seus maridos, representam uma tentação que costuma cobrar um preço alto. Não deu certo nem nos Estados Unidos, com Hillary Clinton derrotada para a presidência. Eventualmente, mesmo diante de um acerto momentâneo, mais à frente a conta chega. Na melhor das hipóteses, é um risco que não vale a pena pelos perigos e desgastes embutidos, pelo menos para quem pretende uma carreira duradoura. Ainda assim, Vanderlan parece disposto a pagar a aposta, no sentido contrário ao que ele mais precisa: reordenar-se como uma liderança aberta, universal e pronta para defender as bandeiras mais abrangentes da sociedade, como caberia a um senador por Goiás. E não alguém movido só por interesses pessoais.