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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

05 fev

Brincar com o apoio de Mendanha é imaturidade de Vilmarzim

Dois fatos são para lá de evidentes no atual cenário político de Aparecida: 1) o prefeito Vilmar Mariano vai para a reeleição, mas não está bem, com baixa aprovação e pontuando mal nas pesquisas, muito atrás do seu adversário anunciado – o deputado federal Prof. Alcides; e 2) para renovar o seu mandato, Vilmarzim depende visceralmente do apoio do ex-prefeito Gustavo Mendanha, disparadamente – mas disparadamente mesmo – a maior liderança do município, incontestavelmente capaz de influenciar o voto da maioria do eleitorado local.

Decorreria daí o óbvio: para tentar vencer em 2024, o atual prefeito deveria se empenhar a fundo em garantir o aval de Mendanha. Deveria, mas… há nuvens escuras e trovoadas turvando o espaço entre os dois. Cada vez mais intensas. Vilmarzim se equilibra entre ceder algum espaço ao seu antecessor, ao mesmo tempo em que corta e empurra para lá. É um jogo perigoso. Se Mendanha perder a paciência e romper,  apostar na viabilidade da recondução do seu sucessor é jogar dinheiro fora. Desde já, o ex-prefeito mantém uma atitude fria em relação a tudo isso. Convidado principal, não foi ao aniversário de Vilmarzim. E faz visitas a obras do governo do Estado e aos bairros, uma delas acompanhando a primeira-dama Gracinha Caiado, sem dar a mínima bola para a turma da prefeitura.

Vilmar Mariano tem uma dívida sem tamanho com Mendanha. Esquiva-se de pagar, contudo. Primeiro, foi acolhido na chapa da reeleição de Mendanha em 2020. Qualquer um em Aparecida poderia ter sido escolhido para a vaga, uma vez que o titular entrou na campanha como o vitorioso antecipado. Segundo, Mendanha de fato ganhou, com Vilmarzim fazendo papel meramente decorativo, mesmo porque não havia necessidade de nenhuma contribuição sua. Graças a tudo isso, ele, Vilmarzim, com a renúncia de Mendanha para disputar o Palácio das Esmeraldas, foi parar no comando do terceiro ou quarto maior orçamento do Estado, concentrando um poder incomensurável nas mãos. Daí se conclui fácil: sem o sopro de energia que recebeu, hoje não passaria de um joão-ninguém a mais da provinciana classe política aparecidense. O seu mandato tampão é produto único e exclusivo do esforço e do prestígio de Mendanha. Brincar com isso é… tiro no pé. Ou, usando uma palavra dura, suicídio.

 

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Se tivesse juízo, o prefeito não hesitaria um segundo em atender Mendanha com o possível e o impossível. O Gustavo é o motor número um do segundo maior colégio eleitoral do Estado e necessita de alguma estrutura para manter o seu grupo e o seu projeto, no momento ainda passando pela reeleição de Vilmarzim. Sem o menor entusiasmo, evidente. É justo e correto que o ex deveria merecer do atual tudo o que quiser e precisar, um “direito” até e um preço barato para que o prefeito fique próximo de mais quatro anos no principal gabinete da Cidade Administrativa. Vacilar quanto a isso é comportamento de criança.