Lula está mais para indesejado em Goiás e visita em março segue sem confirmação
Há anos e anos sem pisar em Goiás, talvez além de 15, o presidente Lula estaria cogitando de uma visita ao Estado em março, quando seu principal compromisso seria a inauguração do campus da UFG em Aparecida. Atenção para o tempo verbal: estaria cogitando. Na verdade, a notícia sabe-se lá de onde veio e até o momento não recebeu nenhuma confirmação, nem em perspectiva, nada existindo de concreto sobre a presença do petista entre as goianas e os goianos – de quem ele, historicamente, é suspeito de não gostar em meio à ojeriza potencial diante do perfil notoriamente conservador das brasileiras e dos brasileiros do Centro-Oeste.
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Das tantas que disputou, Lula só ganhou uma eleição em Goiás. Em 2022, a última, levou uma surra de votos de Jair Bolsonaro. Em centros urbanos concentrados, como Goiânia, Anápolis e Aparecida, foi massacrado nas urnas, numa proporção média de 70% para o capitão e 30% para ele. Depois de empossado no Palácio do Planalto, até anunciou duas agendas para o Estado, mas na última hora cancelou ambas. Em uma, a Rio Verde, para mais uma inauguração da Ferrovia Norte-Sul, desistiu na manhã do dia programado, a poucas horas da cerimônia. Na outra, sem comunicação prévia, foi substituído pelo vice Geraldo Alckmin em um encontro com empresários em Goiânia.
Agora, no entanto, o foco da distância entre Lula e a terra do pequi mudou. Com a proximidade do período eleitoral, são os próprios petistas que parecem desinteressados ou pouco entusiasmados quanto a aparecer ao lado de um influenciador negativo, mais capaz de tirar apoio do que fortalecer qualquer candidatura. O prefeito de Aparecida Vilmar Mariano, do MDB, apavorou-se com a hipótese de ser obrigado a receber o presidente no campus da UFG e ser fotografado e entrevistado ao seu lado. Ele vai negar, mas, sim, reagiu muito mal ao saber da inauguração e da participação de Lula. Se a coisa toda caminhar para acontecer, é possível até que invente uma desculpa esfarrapada para sumir e escapar de um compromisso cujo potencial para tirar mais alguns dos seus parcos pontos nas pesquisas é inegável – reconhecendo a conveniência de acenar para as majoritárias parcelas bolsonaristas da população aparecidense, um dos motivos, aliás, da escalação do deputado federal Prof. Alcides no primeiro lugar em todos os levantamentos de credibilidade.
Enquadrados pela sólida disciplina soviética do PT e submetidos ao dogma da infalibilidade do seu guia supremo, candidatos como Adriana Accorsi em Goiânia e Antônio Gomide em Anápolis não abriram o bico para comentar a iminente turnê de Lula em Goiás e é claro que vão perfilar na linha de frente para a recepção, mesmo cientes dos possíveis prejuízos. Ganhos, dificilmente teriam: Lula hoje é um governante com a aprovação em queda e cada vez mais devotado ao cultivo da parcela mais radical da esquerda – como provam as suas declarações delirantes sobre o conflito na Palestina e a infame tolerância com os malfeitos de regimes autoritários como os da Rússia, da China e da Venezuela, sem falar na ausência de resultados da sua gestão clone de um passado distante (e tudo isso deixando claro que o presidente tem preconceito contra minorias ou não – deficientes, idosos, negros, homossexuais, “ajudantes gerais” e mulheres). A maioria de votos conquistada por um percentual ínfimo em 2022 já foi perdida desde há muito.