Decisão de entregar o MDB a Adib combinou ética com política
Em um acontecimento destinado a muita repercussão no futuro, o MDB de Catalão já está sob nova direção, depois de o vice-governador e presidente estadual do partido afastar o grupo até então dominante, liderado pelo pecuarista e candidato derrotado a prefeito em 2020 Elder Galdino, e entregar o comando da legenda ao prefeito Adib Elias. Ato contínuo, Adib indicou o seu secretário municipal de Administração, primo e provável candidato à sua sucessão nas eleições deste ano Nelson Fayad para encimar a nova comissão provisória.
Como não poderia deixar de ser, Galdino reagiu mal. Com a faca nos dentes, prometeu vingança, chamando Adib de “monstro”. Amenizou quanto a Daniel Vilela, mas mesmo assim tentou fazer intriga, ao revelar frases supostamente ouvidas em particular, nas quais o vice se mostraria crítico ao mencionar Adib e apontaria para alguma espécie de coação do governador Ronaldo Caiado. Atenção, leitoras e leitores: isso não é verdade.
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Caiado não interferiu em nada. Nem de longe. Daniel foi apenas e rigorosamente ético e agiu dentro de um raciocínio político para lá de justificável. Há mais de ano, ele resistia diante das pressões para jogar o MDB de Catalão, o mais tradicional do interior do Estado, no colo de Adib Elias – liderança histórica do emedebismo e inquestionavelmente a maior força política do município. Em busca de um entendimento impossível, sustentou os Galdinos (são quatro irmãos, um dos quais, Onofrim, será candidato a prefeito de Ouvidor e ninguém duvida de que será pelo MDB) longamente no diretório local, apesar da distância colossal a separá-los de Adib – que, sim, tem prestígio e muito com Caiado, tendo sido inclusive um dos poucos prefeitos que o apoiaram na vitória inicial de 2028. Essa credencial, contudo, não precisou ser acionada.
A novidade foi que os Galdinos cometeram uma imprudência, melhor dizendo, uma “traição”. Sem avisar Daniel, caíram no canto de sereia do ex-prefeito Jardel Sebba e começaram a alinhar uma composição com o PSDB. Por esse arranjo, Elder seria o cabeça de chapa, com uma filha de Jardel, Marília (bolsonarista roxa), na vice. Jardel argumentou que seria amigo do peito de Daniel Vilela e que cuidaria de destravar as reações negativas ao acordo. Erro fatal. Se existe um partido malvisto na base governista, nenhum outro supera o PSDB. O compromisso entre o vice-governador e os Galdinos – e havia um – acabou rompido nesse momento. E não por Daniel Vilela. “Fora da aliança encabeçada pelo governador Ronaldo Caiado, o MDB não se posicionará em município algum”, resumiu o vice.
Politicamente, a transferência do MDB para a área de influência de Adib representa um passo e tanto na construção da candidatura de Daniel ao governo do Estado, como o delfim de Caiado. Afinal, em Catalão, foram mais de 6 anos de um processo tumultuado no relacionamento entre o filho de Maguito Vilela e um dos mais prestigiados nomes do emedebismo por esse Goiás afora, aliás, maior do que a própria sigla. Na corrida de obstáculos daqui até as eleições majoritárias de 2026, um a menos para Daniel Vilela.