Com empurrão de Gayer, Caiado avança no apoio bolsonarista para 26
O governador Ronaldo Caiado não tem motivos para se arrepender de participar da manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, “pró-Democracia”, na tarde deste domingo, 25, na avenida Paulista, em São Paulo. Ao contrário. Primeiro, o evento foi um sucesso de público, superlotando um trecho correspondente a nove quadras, além de espalhar gente pelo espaço restante, de ponta a ponta. Segundo, por ganhar destaque como uma das principais presenças, ao lado de apenas outros três governadores, tendo a satisfação de ouvir Bolsonaro abraçar a tese da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro – lançada pelo governador goiano há duas semanas.
Por último, veio um “presente” inesperado: o vídeo de 1min7segs para lá de efusivo e entusiástico gravado pelo deputado federal Gustavo Gayer, do alto do trio elétrico, abraçado com Caiado, a quem chamou de “Ronaldão” e brindou com o título de “orgulho de Goiás”(print acima). A postagem viralizou, foi replicada pelo próprio Caiado em seu perfil no Instagram e estimulou, também, as especulações já correntes sobre uma possível consagração do deputado bolsonarista como o candidato a prefeito da base governista em Goiânia.
Trata-se de um efeito colateral, no entanto. O fundamental foi a conquista, por Caiado, de um novo status junto aos segmentos identificados com a liderança do ex-presidente, hoje estimados em no mínimo 30% do eleitorado nacional. Se alguém, qualquer um, com exceção daqueles filiados ao campo da esquerda, quiser aspirar o Palácio do Planalto em 2026, não há como deixar de cortejar esse exército distribuído por todo o país. Caso, como se sabe, de Caiado.
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Um “cientista político” ouvido por O Popular aprovou a decisão de Caiado ao comparecer à celebração bolsonarista. Felipe Nunes, da prestigiada Quaest Consultoria, explicou que o ato, na verdade, não passou de “um cenário para Bolsonaro checar a lista de presença e avaliar quem são os verdadeiros aliados políticos que ele tem e quem, portanto, merece seu apoio. Se Caiado quiser ser o candidato bolsonarista em 2026, ele não tinha alternativa. Então, eu avalio como correta a estratégia”. Disse tudo, lembrando: é irrecorrível que a próxima eleição presidencial será travada entre a direita e a esquerda, sem meio termo.
Foi exatamente esse o raciocínio do governador goiano ao aparecer em São Paulo neste domingo, 25. E se diferenciando com a massificação da sua proposta de anistia, uma bandeira de pacificação nacional que precisa ser debatida a sério, longe das paixões e dos exageros daqueles que se esforçam por criar a imagem de um golpe de Estado no dia 8 de janeiro. Isso não houve. Mas, mesmo que acontecido de forma improvisada e especialmente desorganizada, um perdão não deixa de ser conveniente, em se tratando de uma motivação política. Foi assim que se deu com todas as anistias do passado, no Brasil, e é nesse rumo que Caiado pode crescer ainda mais.