Dia da Mulher: Goiânia está pronta para uma prefeita?
Goiânia nunca esteve tão perto de ser governada por uma mulher, pela primeira vez na sua história. A candidata a quebrar esse “tabu”, palavra hoje na moda ao ser usada pelo governador Ronaldo Caiado para se referir ao dogma de que candidatos ligados ao Palácio das Esmeraldas não conseguem vencer as eleições na capital, a petista Adriana Accorsi aparece no topo das pesquisas – dividindo o pódio, em empate técnico, com Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer. Finalmente, o maior centro urbano do Estado estaria pronto para uma reviravolta de gênero no comando do Paço Municipal?
Sim, tudo indica. Não que necessariamente vá acontecer. Daqui até a data das urnas, um período pouco superior a seis meses, muita água vai passar debaixo da ponte. No entanto, pesquisas confirmam a superação de preconceitos e do olhar machista sobre as eleições. Um sugestivo e óbvio sinal é a própria colocação de Adriana na cabeça dos levantamentos de intenção de votos produzidos pelos melhores institutos. É um fato novo. O melhor desempenho alcançado por uma mulher foi o 3º lugar de Lúcia Vânia no ano 2000. Só. Agora, paira no ar uma inegável expectativa. Elas dessa vez têm a chance real de colocar uma representante no alto do Park Lozandes.
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O PT, partido de Adriana Accorsi, não ajuda em nada. Em Goiânia, é uma legenda até com um bom nome, já tendo faturado três prefeitos – Pedro Wilson, Darci Accorsi e Paulo Garcia. Nenhum foi excepcional. Todos, contudo, homens sérios e abnegados. Essa linhagem contaminou positivamente a sigla em sua trajetória goianiense e prossegue encarnada na atual candidata. Trata-se de um PT superior ao do resto do país, sem escândalos e moralmente elevado. É por isso, aliás, que repercutiu muito mal a presença do tenebroso Delúbio Soares em um evento recente, no qual, aliás, Adriana também estava. Escorregões assim atrapalham. Delúbio falava e transitava como um mandachuva. Más companhias não ajudam quem pretende ganhar uma eleição, qualquer uma, ainda mais difícil e fragmentada como a sucessão do prefeito Rogério Cruz.
A favor da postulante do PT, é preciso reconhecer a vantagem de ser mulher e também a carreira como delegada da Polícia Civil. Esses fatores tendem a anular, pelo menos em parte, a larga maioria bolsonarista predominante entre o eleitorado goianiense, comprovada pela vitória massacrante do Jair em 2022 em Goiânia. Vai depender de menos vermelho na campanha, zero ou uma mínima vinculação com Lula e de temas gerenciais da cidade como foco do discurso de Adriana. Parece que será por aí e dá para perceber, desde já, que ela resolveu seguir por esse caminho.