Polarização ideológica não vai desaparecer tão cedo
A polarização ideológica predominantemente presente nas eleições nacionais, em 2018 e 2022, vai desaparecer ou, ao contrário, sobreviverá e se espraiará sobre a disputa pelas prefeituras das grandes cidades brasileiras, como Goiânia, Anápolis e Aparecida? Ao que tudo indica, não há mais dúvidas de que, sim, o confronto entre esquerda e direita será o pano de fundo para as próximas urnas, nos maiores centros urbanos do país e do Estado.
Mesmo assim, há quem acredite na opção do eleitorado por escolher os novos prefeitos conforme as necessidades e exigências do seu dia a dia, libertando-se das condicionantes características do passado político recente do país. Ledo engano. A vinculação das candidaturas a visões de mundo específicas e antagônicas está fadada a ter peso, dada a prevalência absoluta do embate entre valores e princípios nos últimos tempos no Brasil. Resumidamente: bolsonarismo x lulismo.
Em Goiânia, desde já, apresentam-se candidatos a prefeito fortemente conectados aos dois lados da polarização. Adriana Accorsi, pelo lulismo, por exemplo, e Gustavo Gayer, pelo bolsonarismo. São extremos, menos por eles mesmos, e mais pelos laços federais com Lula, quanto a Adriana, e com Jair Bolsonaro, no caso de Gayer (que, de resto, é um extremista assumido, porém falando a linguagem de parte expressiva do eleitorado).
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Até que ponto a eleição para prefeito em uma capital como Goiânia entrará no contexto de prévia para a próxima eleição presidencial? Bolsonaro e Lula serão cabos eleitorais de expressão? Tanto a favor quanto contra? A rejeição a Lula, clara no pleito presidencial passado em Goiânia, Anápolis e Aparecida continuará viva? Como se situará o centro, ou melhor, a centro-direita hoje encarnada pelo governador Ronaldo Caiado? E onde entrarão as preocupações com o gerenciamento cotidiano das prefeituras? São dúvidas que permanecem e que não vão se dissipar tão cedo.