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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 mar

O bizarro lançamento da candidatura de Vanderlan

O senador Vanderlan Cardoso adotou um caminho para lá de bizarro ao lançar a sua candidatura a prefeito de Goiânia: foi para São Paulo, onde, no apartamento do presidente nacional do PSD e ex-ministro Gilberto Kassab, ao seu lado, anunciou sua inclusão na corrida deste ano pela cadeira número um do Paço Municipal. Como pano de fundo, apareceram na foto os arranha-céus da capital paulista.

Kassab falou do desempenho de Vanderlan como senador, coisa, a rigor, sem nada a ver com a gestão de Goiânia. Mais estranho ainda, estava ele, o agora candidato oficializado, sozinho. Ninguém de Goiás o acompanhou. Em vez de se referir ou mandar uma mensagem para o eleitorado goianiense, cujo voto pretende buscar pela terceira vez para a prefeitura, Vanderlan pediu “ajuda” a Kassab, por acreditar se tratar de alguém com experiência no ramo – uma vez que foi prefeito de São Paulo em eras passadas.

 

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Mesmo o jornal O Popular, geralmente insosso e formal em reportagens políticas, não resistiu e acabou recorrendo a ironias subjacentes para dar a notícia. “De São Paulo, Vanderlan confirma candidatura e vai para a Bahia”. Esse último item foi um detalhe a mais do “lançamento” do senador-empresário: “Vai para a Bahia”. Sim, após o “evento” no apartamento de Kassab, Vanderlan passou a mão na família e foi para o litoral baiano curtir férias. No conjunto, um somatório de ações capaz de deixar claro um certo menosprezo quanto a Goiânia e a visão arrogante de que a campanha será um passeio e que ele, Vanderlan, já poderia se considerar eleito.

Além de politicamente isolado, ao trafegar solitariamente por um campo no qual o coletivo é um fator de importância e se encaminhar para enfrentar uma eleição majoritária com o palanque perigosamente esvaziado, Vanderlan adiciona a seu perfil uma certa soberba, aliás comum em empresários que saíram do nada para o sucesso. Mas é algo que vai no sentido contrário a um projeto capaz de motivar e envolver lideranças e mesmo as eleitoras e os eleitores dentro de uma visão de futuro e com propostas consistentes de interesse geral. Não foi um bom começo, mais ainda ao expor a fragilidade e o alheamento de Vanderlan. Um equívoco, na verdade.