Divisão terá efeito positivo para a base governista em Anápolis
As eleições municipais deste ano em Anápolis tendem a se constituir em caso raro na política, em que a divisão de uma base de votos se torna positiva para o projeto de vitória nas urnas dessa mesma base. Trata-se do lançamento de dois candidatos a prefeito pelo grupo ligado ao governador Ronaldo Caiado e também definido como ideologicamente à direita: o suplente de deputado federal Márcio Correa, pelo MDB, e o vice-prefeito Márcio Cândido, ora no PSD, mas prestes a se filiar ao PL.
Com ambos na pista da sucessão anapolina, crescem as chances de se obter um 2º turno contra o favorito Antônio Gomide, do PT. E até mesmo chegar a um triunfo, tanto para Correa quanto para Cândido. Habitualmente, todo e qualquer racha dentro de uma corrente política conduz quase obrigatoriamente a uma derrota, pelo enfraquecimento natural de forças, ainda mais confrontando um adversário de peso como o oposicionista Gomide. Anápolis, daqui a seis meses, caminha para uma inédita situação de exceção.
Márcio Correa e Márcio Cândido têm cacifes parecidos para correr o páreo anapolino. O primeiro disputou a prefeitura em 2000 e se candidatou à Câmara Federal em 2022, conquistando a suplência que permitiu a ele exercer o mandato e ganhar forte visibilidade por quatro meses, no ano passado. Além disso, conta com o apoio direto e objetivo do vice-governador e presidente estadual do MDB Daniel Vilela (o partido tem tradição na cidade). Já o segundo ocupa atualmente a vice-prefeitura, a partir do estofo popular conquistado como radialista influente e pastor evangélico de prestígio. É respaldado pelo prefeito Roberto Naves, infelizmente em um momento ruim, perto do encerramento melancólico dos seus dois períodos de gestão, porém, de qualquer forma, no comando de uma máquina administrativa que garante poder para interferir em um pleito municipal.
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Nas pesquisas, Correa e Cândido estão praticamente empatados, com ligeira vantagem para o Márcio. O desafio comum aos dois é superar a imensa distância a separá-los de Gomide, por enquanto sugerindo chances elevadas de fatura liquidada no 1º turno, conforme mostrado por todos os levantamentos de intenção de votos. Não há dúvidas: a expectativa que os une é a repetição da mesma onda de antipetismo que impulsionou Naves para o pódio na busca pelo segundo mandato, em 2020, ou, dizendo de outra maneira, transformar em sufrágios o bolsonarismo comprovado do eleitorado anapolino. Lá, Jair Bolsonaro massacrou Lula na fantástica proporção de três a um, em 2022. Com Correa ou com Cândido, passando um deles para o 2º turno, se houver, se o expelido subir no palanque do que saiu à frente, repetir essa performance pode não ser apenas um sonho em vão.