Desafio de Mabel é se mostrar à altura do apoio de Caiado
Não foi nenhuma novidade a divulgação da pesquisa Genial/Quaest, nesta semana, mostrando o governador Ronaldo Caiado com 86% de aprovação para a sua gestão nem muito menos reafirmando que os avanços na Segurança, Educação e Economia foram as forças indutoras para esse resultado jamais registrado para um governante em Goiás desde os tempos longínquos do Conde dos Arcos. Tudo isso já se sabia, com os mais apressados imaginando ter o governador alcançado o teto e impedido de aumentar ainda mais, como aumentou, a sua avaliação positiva entre as goianas e os goianos – sem medo de errar, é forçoso concluir: a cada 10 goianos, Caiado é positivamente sancionado por nove.
São números espetaculares, para os quais há explicação além da questão administrativa: biografia imaculada e perfil pessoal de inatacável integridade. Até a manhosa coluna Giro, em O Popular, foi obrigada a admitir, disfarçando o gosto ruim na boca: os 86% tiveram também a contribuição “da imagem pessoal de um governador visto como honesto e que gosta de Goiás”. Verdade. Fato. E a matemática irretorquível das pesquisas, como essa última da Genial/Quaest, comprova com folga.
O desafio a seguir, para Caiado, é que realmente importa. Transformar essa boa receptividade popular em votos para terceiros como Sandro Mabel em Goiânia não é fácil. Depende, primeiro de tudo, do destinatário do apoio. Ele, Mabel, como candidato da base aliada a prefeito de Goiânia, precisa estar à altura. Evidenciar capacidade para absorver o superior aval ao seu nome e deixar claro para o eleitorado que, sim, corresponde às expectativas do padrinho, eis o drama. É aqui que a porca torce o rabo.
O histórico de Mabel é no mínimo polêmico. Justificadamente, ele alega nunca ter sido condenado por qualquer irregularidade e ressalta com razão legal: a sua ficha é juridicamente limpa, e isso é correto proclamar. Seguindo por esse caminho, talvez consiga se absolver das acusações a serem inevitavelmente lançadas pelos adversários, como parte do lado B de toda campanha eleitoral. Mas há outro problema: como em boca fechada, segundo o ditado, não entra mosquito, o empresário-candidato deveria falar menos. Ao contrário, a cada entrevista, atravessa a rua para pisar em cascas de banana. Em pouco mais de duas semanas, colecionou gafes incompatíveis com quem quer passar uma boa impressão. Não é necessário repetir uma a uma, as matérias jornalísticas ainda estão quentes e podem ser consultadas nos primeiros links do Google.
Mabel, como todo milionário na política, é inassessorável. Assim, por exemplo, como Vanderlan Cardoso. Ou como Wilder Morais. Ou como Jânio Darrot. Ou ainda Alexandre Baldy. Se foram capazes de enriquecer acima de 99,99% dos mortais, qual a motivação para ouvir conselhos de gente muito abaixo deles no sucesso econômico? Já provaram com o triunfo nos negócios saber de tudo e serem “diferentes” – e, sem dúvidas, têm direito a esse crédito meritório. Esquecem-se da história, no entanto. E ela é cruel: em Goiás, nenhum empresário jamais venceu uma eleição majoritária para o Palácio das Esmeraldas ou para o hoje Paço Municipal. Não uma seja possível lembrar ou citar.
O influxo de Caiado tem força e poder na corrida para a prefeitura de Goiânia. Mabel tem tudo para disputar a melhor eleição da sua carreira, na qual nunca ganhou nada além das disputas proporcionais, amparado no poder decisório do dinheiro. Se levar a sério, estudar um pouco, melhorar o discurso, baixar a cabeça e controlar a língua (que, a propósito, já o derrotou antes) tem chances de chegar ao 2º turno, embalado pelo prestígio transferido por um governador com 44% dos votos na capital em 2022 e erigido em unanimidade pelo Estado a fora. Se não se mostrar merecedor, estará perdido.