Caiado é o parâmetro que Mabel deveria seguir, bastaria isso
Desde a sua oficialização pelo governador Ronaldo Caiado como o candidato da base aliada a prefeito de Goiânia, o empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel desandou a falar pelos cotovelos e a colecionar uma série de gafes e impropriedades prejudiciais para a sua postulação, assim como para o grupo que passou a representar. Mabel parece sentir-se investido do dom da infalibilidade, acrescentando a isso uma dose cavalar de arrogância: a vereadores, deixou claro já se considerar eleito e que às vezes vai dizer “sim” a eles, porém enfatizando a seguir um “não”, logo que entronizado no trono do Paço Municipal.
Se apenas isso, seria aceitável. Mas é muito mais. Meteu-se a articular da política de Aparecida, a mais provinciana do Estado. Diz para quem quiser ouvir que o prefeito Vilmar Mariano terá um nome do MDB como vice e será o nome da corrente governista, enquanto o vice-governador Daniel Vilela e o ex-prefeito Gustavo Mendanha, esse o maior cabo eleitoral aparecidense, seguem apostando na inviabilidade de Vilmarzim e na sua substituição – lógica – pelo ex-deputado federal Leandro Vilela, cujo perfil é muito mais aceitável para enfrentar a liderança absoluta do deputado federal Prof. Alcides nas pesquisas. A cereja do bolo: chamado por Mendanha, Mabel, candidato em Goiânia, foi a Aparecida visitar o hospital municipal, declarando a seguir se tratar do melhor de Goiás – quando o médico Caiado tem um carinho especial com os estabelecimentos da rede estadual sob seu comando, aliás em um nível de eficiência e qualidade jamais visto antes, atestado por pesquisas.
Caiado, a propósito, é um mestre do equilíbrio e da ponderação. Uma referência nesse campo. Só se manifesta com base na sua coerência de vida, nas suas convicções éticas e dentro da sua responsabilidade como governante. Em mais de cinco anos no Palácio das Esmeraldas, nunca escorregou em patetices. Ao contrário, o que sai da sua boca sempre reforça uma imagem de seriedade e dedicação ao bem coletivo acima de todas as coisas. Por que Mabel não olha para o exemplo ao seu lado e prefere se empenhar diariamente em repetir disparates sem parar, como a depreciação que dirigiu às mulheres ao proclamar “Ana Paula, a filha de Iris Rezende, como uma boa vice porque tem um marido gestor”? Se ele não fechar essa usina de asneiras, não vai durar muito tempo e decairá para a insignificância na corrida pela prefeitura de Goiânia, um páreo no qual, vale relembrar, já foi derrotado antes com a colaboração de palermices como a afirmação de que “professores precisam ser corretamente adestrados”.
Mabel não se conscientizou ainda de que não tem voto quase nenhum. O governador, sim, os tem e plenamente dispõe do poder de transferi-los para alguém em cuja cabeça coloque a mão. Porém, atenção: a esse “alguém” cabe obrigatoriamente se mostrar à altura. E, principalmente, se comprometer com as goianienses e os goianienses, não se acreditar um salvador da pátria imbuído de autoridade extraordinária para interferir também em Aparecida e em Anápolis e que, infantilmente, revelou em uma entrevista, na última edição do Jornal Opção, considerar a candidatura um “sacrifício” e que agora – só agora? – pretende aprender sobre Goiânia, algo equivalente a admitir que pouco ou nada sabe sobre a gestão do maior centro urbano do Estado. Ao mesmo tempo, contratou desgastes gratuitos, ao buscar infrutiferamente o PL para compor a sua chapa ou ao barulhentamente despachar emissários para convencer o senador Vanderlan Cardoso a renunciar à candidatura a prefeito. Vanderlan, compartilhando o 1º lugar nas pesquisas com Adriana Accorsi e Gustavo Gayer, jamais desistiria, como qualquer criança é capaz de deduzir.
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Caiado errou ao escolher o imprudente Mabel para defender a base governista na capital? Ao contrário, foi um acerto, ao virar a mesa do impasse sobre as possibilidades políticas do governismo em Goiânia e encontrar uma saída para recuperar as expectativas de vitória. Só que esse momento foi apenas um ponto de partida. E já ficou para trás. A parte essencial da campanha é outra, já começou e corresponderá à ação da própria pessoa do candidato e o quanto demonstrará estar credenciado para responder ao desafio depositado nos seus ombros. Ou Mabel se cala, no sentido de passar a gastar sua energia com o debate sobre Goiânia e esquecer a sua obsessão como reformador lobatiano do mundo da política – ou se consolidará a verdade incômoda de que não veste o figurino de prefeito.