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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

24 abr

Plano B de Vilmarzim, se não for o nome da base, é apoiar Prof. Alcides

O prefeito de Aparecida Vilmar Mariano já concluiu com os amigos mais próximos ter entrado em uma fria ao aceitar a proposta de tentar reagir nas pesquisas até o início de junho, reduzindo em 30 pontos a distância a o separar do adversário Prof. Alcides, e assim viabilizar a sua reeleição ou, em não o conseguindo, desistir da candidatura e passar a apoiar o nome preferencial do vice-governador Daniel Vilela e do ex-prefeito Gustavo Mendanha, qual seja o do ex-deputado federal Leandro Vilela. Prevendo o desastre, Vilmarzim já colocou em andamento uma operação para derrubar esse “acordo” e, de alguma forma, se impor como o nome da base governista em Aparecida, dispondo ou não de percentuais de intenção de voto e de aprovação popular favoráveis.

 

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Para começo de conversa, foi uma demonstração de ingenuidade o prefeito se filiar ao União Brasil – e ficar preso lá dentro, já que não é mais possível a quem quer disputar eleições neste ano uma mudança de partido. Em resumo, Vilmarzim perdeu toda e qualquer chance de fazer o que achar melhor e só se apresentará às eleições municipais se o União Brasil quiser. Em última análise, significa que ou vira a mesa quanto as pesquisas ou estará irremediavelmente fora das urnas de outubro deste ano.

Restou para o prefeito, além da praticamente impossível reviravolta em relação ao Prof. Alcides, partir para uma espécie de “chantagem” política. Sim, leitores e leitoras, ele esconde um trunfo: se não for o escolhido, retaliar apoiando o bolsonarista que está em 1º lugar em todos os levantamentos realizados em Aparecida, na faixa dos 40% das intenções de voto. E isso tem peso para decidir, em definitivo, a corrida pela prefeitura em favor do Prof. Alcides. Afinal, seria uma ajuda excepcional, vinda de quem detém o controle da máquina administrativa aparecidense, tem aliança com a maioria dos partidos, a maioria dos vereadores, a maioria dos pastores evangélicos e mais uma infinidade de cabos eleitorais pendurados em um dos maiores cabides de empregos jamais visto em Goiás, implantado, aliás, não por Vilmarzim, porém pelo seu antecessor Gustavo Mendanha (e que explica a quase unanimidade política que Mendanha alcançou em Aparecida nos seus bons tempos de glória).

Desde já, usando seus prepostos, o Mariano trata de desconstruir a tal obrigação de encurtar o espaço entre ele e Alcides. O deputado federal Veter Martins(foto acima), que só está na Assembleia por conta do empurrão de Vilmarzim, já percorre as redações para entrevistas negando “a existência de um prazo condicionado para o prefeito Vilmar demonstrar viabilidade na gestão para ser confirmado como pré-candidato da base governista no município”, repete como um papagaio. Veter insiste: “Isso não existe. Não existe prazo, existe trabalho”, descendo à conclusão de que o prefeito será o nome a ser apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, pelo vice Daniel Vilela e pelo seu antecessor Mendanha e ainda cutucando a onça com vara curta: “E tem mais, o piloto dessa locomotiva vai ser o Gustavo, ele será o coordenador da campanha do Vilmar Mariano”, provoca o deputado.

Mas Veter está sofismando. O trato é real: se Vilmarzim não executar a missão impossível de encostar no Prof. Alcides, sua foto não aparecerá nas urnas eletrônicas e sim a de Leandro Vilela, pelo MDB. O União Brasil não dará legenda para o prefeito. É o que ficou acertado, com o aval, inclusive, de Caiado. Se se revoltar, ficará patente que o Mariano não é um homem de palavra – suspeita, a propósito, que paira sobre o seu caráter. Se buscar vingança pulando para o colo do Prof. Alcides, pior ainda. Só em fazer a ameaça, sua credibilidade se escoará pelo ralo. Entrementes, o Mariano não se move pelos padrões comuns e muitas vezes age inopinadamente fora da caixa. A hipótese, portanto, é plausível. Enquanto isso, ele segue rezando contrito (o “trabalho” mencionado por Veter) pelo seu futuro ao participar diariamente de dois ou três cultos evangélicos, contando com uma crise em junho para se sair bem.