Shows e prêmios para viabilizar Vilmarzim provocam reação popular negativa
O que está acontecendo hoje em Aparecida, segunda maior cidade do Estado e terceiro maior orçamento público em Goiás, extrapola o bom senso, ofende a legalidade e representa um desperdício de recursos – nas barbas do Ministério Público – poucas vezes visto antes: diariamente, shows artísticos são promovidos por conta dos cofres municipais nos bairros, acrescidos de sorteios de carros, motocicletas e até PIXs de 50 reais, tudo com a finalidade de alavancar a reeleição do prefeito Vilmar Mariano (UNIÃO BRASIL) – hoje difícil, já que nas pesquisas ele aparece na faixa de 30 pontos atrás do adversário Prof. Alcides (PL).
Vilmarzim desandou. Em delírio, publica fotos das multidões atraídas pelo pão e circo como se estivessem atreladas à sua liderança. “Obrigado, Aparecida”, escreve o fanfarrão nos posts, esquecendo-se de que as massas apareceram para ouvir os cantores sertanejos e evangélicos, além da esperança de abiscoitar algum ganho material (em uma dessas ocasiões, houve um bingo cantado pelo próprio Mariano). A cada evento, locutores prestativos se esforçam para arrancar palmas para o prefeito, mas salta sempre do público uma reação fria. Pior: a se avaliar pelos comentários subsequentes à divulgação dos shows, na internet, essa estratégia está se revelando um desastre.
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Não é de hoje que pesquisas qualitativas apontam Vilmarzim como alguém abaixo das exigências indispensáveis para o cargo que ocupa. Em consequência, tudo de ruim cola na sua imagem. Seu antecessor Gustavo Mendanha também investia pesado em shows artísticos, mas colhia um resultado diferente. O povo gostava e elogiava. Agora, não. Para começo de conversa, centenas de comentários pendurados nos posts do prefeito reclamam da desorganização de apresentações como o tradicional Aparecida é Show, um sucesso nos tempos de Mendanha, encarado na edição deste ano – por ocasião das comemorações dos 102 anos de Aparecida – como um fiasco. Atrasos monumentais, falta de banheiros, um camarote vip gigante para abrigar em posição privilegiada os apaniguados da prefeitura, roubo de celulares, bebidas vendidas a preços superfaturados, tudo é motivo de queixas.
E não poderiam faltar manifestações do tipo: “Prefeito, festa não resolve o problema do meu setor, nem o mato alto está sendo roçado”, à quais se soma uma enxurrada de protestos diante do abandono dos bairros quanto a prestação de serviços públicos. Pelo volume dessas inserções nos perfis sociais de Vilmarzim, não é difícil concluir que, por esse caminho, ele não vai conseguir se tornar um candidato com chances de vencer a sua sucessão em outubro vindouro. Ao contrário, vai é perder as parcas intenções de voto que conseguiu até agora, abaixo dos 13%, enquanto Prof. Alcides voa acima dos 29% e o ex-deputado federal Leandro Vilela aparece em empate técnico com o prefeito.
A farra dos shows em Aparecida clama por uma devassa. Quem são os intermediários na contratação dos cantores e cantoras? Quais os valores envolvidos? Quem banca a distribuição de prêmios, um item que é regulamentado com dureza pela Receita Federal? E a legislação eleitoral, está sendo respeitada? Por que o Ministério Público não investiga? É verdade que há parentes de promotores empregados na prefeitura? Essas e outras perguntas precisam ser respondidas com urgência pelas autoridades competentes. É um mau exemplo para o resto do Estado, que até mesmo a população supostamente beneficiária, em Aparecida questiona, como se pode ver nas contas de Vilmarzim nas redes sociais.