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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

23 maio

Reeducação da classe política estadual é maior obra de Caiado

Em um clima de absoluta rotina, sem o menor sinal de tropeço ou turbulência, o governador Ronaldo Caiado mais uma vez confirmou as suas diferenças significativas em relação aos seus antecessores mais conhecidos – Iris Rezende, Maguito Vilela e Marconi Perillo: demitiu a secretária de Finanças Selene Peres e colocou no lugar o economista Francisco Sérvulo Freire Nogueira, ambos tecnoburocratas oriundo das equipes especializadas em planejamento e controle fiscal do serviço público federal.

Nas condições a que o processo político estava acostumado antes de Caiado, em Goiás, tudo indicava uma situação de crise e uma mudança de rumo em uma das áreas mais sensíveis de qualquer gestão, a de arrecadação e despesas. Pelo menos era assim que as coisas funcionavam no passado. Não foi o caso, no entanto. A imensa autoridade moral do governador se impôs, os jornais noticiaram a mudança sem manchetes escandalosas e a vida seguiu como dantes no quartel de Abrantes, com atenção a um detalhe: esse “dantes” deve ser considerado da posse de Caiado para cá.

Iris, Maguito e Marconi, em quase 40 anos de revezamento no poder estadual, padeceram sob conflitos e tensões produzidas a partir de movimentos bruscos nos seus respectivos secretariados. E também oprimidos por uma certa fragilidade quanto a pressões e chantagens. Um dos motivos, o principal, pode ser identificado como a forte influência da política miúda do dia a dia de então no processo de escolha de cada secretário. Havia um envolvimento com partidos, parlamentares, lideranças e toda sorte de ingerências no encaminhamento dos nomes convocados para atuar no primeiro escalão liderado pelo Palácio das Esmeraldas. Caiado acabou com isso.

 

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O incrível recorde de Caiado na aprovação do seu governo: 86%

 

No time montado por Caiado, desde o mandato inicial, nunca ninguém em cargo de importância foi designado a partir de conexões políticas. Não é exagero, leitoras e leitores: ninguém. O governador, digamos assim, acrescentou ao mister recebido das urnas de administrar o Estado a missão de reeducar a classe política regional – aliás a partir do próprio exemplo que emana da sua biografia imaculada. Nem deputados nem partidos preencheram por apadrinhamento espaços no governo. E, nas raríssimas ocorrências em que isso pareceu acontecer, quem chamou foi ele, não obrigado a exigências de quem quer que seja, mas orientado por um senso de montagem estratégica do seu projeto, totalmente autônomo. E, afinal, quem é que teve ou tem coragem de exigir algo de Caiado?

Não era assim que se dava nos tempos do MDB e do PSDB. Ao pensar e agir fora da caixa, Caiado acabou chegando à maior realização da sua era. Mais do que obras e demais políticas públicas, cujo saldo, em especial na área de segurança pública, o levaram a um espetacular índice de 86% de aprovação ou de visto positivamente por nove dentre cada 10 goianas e goianos. Um novo parâmetro foi introduzido, dentro do qual o velho regime acabou inteiramente deslocado e hoje quase que desapareceu, sobrevivendo ainda graças a ícones arcaicos e encanecidos que teimam em resistir à modernidade como Marconi Perillo, José Nelto, Adib Elias, Rubens Otoni, Anselmo Pereira, João Campos, Paulo Cézar Martins e outras antiguidades mumificadas como fósseis tristes nas prateleiras da política goiana. Caiado, nesse sentido, é um vencedor ao criar um sistema inédito de governança, projetando-se como um dirigente superrogatório para o bem geral da sociedade, e essa vitória representa muito para o futuro de Goiás.