Vilmarzim fez a roda da História girar para trás e virou “defunto” político
A uma curta distância do momento em que será finalmente substituído pelo ex-deputado federal Leandro Vilela (MDB) como representante da base governista em Aparecida, o prefeito Vilmar Mariano (UNIÃO BRASIL) passou a andar com os nervos à flor da pele, conforme o relato de interlocutores próximos. Talvez com razão: nesta semana, já são dois os sinais premonitórios da conversão de Vilmarzim em defunto político: primeiro, as declarações do governador Ronaldo Caiado ao site Folha Z, referindo-se à definição da candidatura a ser patrocinada pela aliança chefiada pelo Palácio das Esmeraldas em Aparecida como um processo em aberto, para a solução do qual serão levadas em consideração pesquisas e as opiniões das lideranças municipais e, segundo, pela reunião convocada pelo vice-governador e presidente estadual Daniel Vilela, no diretório estadual do partido, com os membros da comissão provisória aparecidense, com os seis vereadores emedebistas e com o ex-prefeito Gustavo Mendanha. Mesmo sem admissão formal, obviamente para abrir a janela por onde Vilmarzim será defenestrado.
Inequivocamente, começaram os preparativos para a “cirurgia” que vai remover o atual prefeito da sua própria sucessão, já que, filiado ao União Brasil, ele não tem autonomia partidária para impor a sua vontade. Caiado deve ficar longe da decisão terminativa, já há um bom tempo entregue, como se sabe, à coordenação de Daniel Vilela e de Gustavo Mendanha, as duas lideranças governistas em jurisdição política sobre Aparecida. Oficialmente (a verdade está nos dois últimos parágrafos), Vilmarzim acabou fulminado por não conseguir reagir nas pesquisas, em que continua aparecendo muito atrás do Prof. Alcides. Curiosamente, no período aprazado para que reduzisse os 30 pontos a o separar do adversário, foi Alcides quem cresceu – dois ou três pontos, mas cresceu.
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Vilmarzim imagina que seu afastamento das eleições deste ano decorre de uma ação maldosa, digamos assim, comandada por um antigo aliado, hoje desafeto, Gustavo Mendanha. Isso, de fato, existe, mas é uma condicionante menor para explicar o que acontece em Aparecida (ele e Gustavo são antagonistas em uma guerra fria). Ocorre que, transformado em potência econômica desde as duas gestões de Maguito Vilela, o município assistiu à elevação da autoestima da sua população e a sua inserção na disputada lista das 20 maiores cidades brasileiras que mais se desenvolveram de 10 anos para cá. O PIB disparou e hoje disputa com o de Anápolis o 2º lugar estadual, se é que ainda não ultrapassou. Essa nova realidade criou exigências e expectativas prementes como, por exemplo, uma gestão de qualidade acima da média para dar suporte a tanto progresso. Vilmarzim, que não foi eleito e chegou ao cargo acidentalmente, mostrou em dois anos e meio de mandato tampão estar muito abaixo desse requisito. Não por acaso, foi definido por um amigo e aliado, o candidato governista em Goiânia Sandro Mabel, em um ato falho de sinceridade, como bem-intencionado, porém “despreparado para governar”.
A queda de Vilmar Mariano, portanto, tem raízes profundas. Não há sentido em falar em conspiração entre políticos ou em má avaliação popular, senão em pura incapacidade para responder a um desafio claramente além das suas forças – o que, com o prolongamento da agonia administrativa iniciada quando assumiu, levaria a prejuízos coletivos, oprimindo desde a população aparecidense até a sua elite empresarial – no fechar das contas gratuitamente onerando mesmo o futuro de Goiás. Deslocado para fora do jogo, Vilmarzim não tem motivos para reclamar de Mendanha, Daniel ou Caiado. Ele é e sempre será um político do baixo clero. Quem o puniu foi a engrenagem impessoal dos grandes movimentos sociais, políticos e econômicos, que o perceberam como alguém desesperadamente atrás de mais um mandato para continuar a puxar para trás a roda da História em Aparecida, assim como o fez nos últimos dois anos e meio.