Desistência de Gayer fragiliza o PL, que agora pode compor com Caiado
Não há como contestar: ao desistir da sua candidatura a prefeito de Goiânia, o deputado federal Gustavo Gayer impôs um pesado dano ao seu partido, o PL. A legenda se fragilizou ao perder a expectativa de poder solidamente conquistada na principal praça eleitoral do Estado, pulverizando o seu prestígio bolsonariano entre substitutos inexpressivos que passaram a ser cogitados para o lugar de Gayer. Gente como o Major Vitor Hugo, o ex-deputado estadual Fred Rodrigues e o deputado estadual Delegado Eduardo Prado, nenhum com recepção sequer mediana entre as goianienses e os goianienses.
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Se o PL ainda quiser concorrer em Goiânia, terá que se submeter a um deles. Ou inventar um outro provavelmente ainda pior em termos de potencial de votos. Nesse cenário adverso, uma composição com o UNIÃO BRASIL do governador Ronaldo Caiado para figurar na posição de vice na chapa de Sandro Mabel entrou no ar. Isso estava descartado enquanto Gayer transitava como uma hipótese real na corrida pelo Paço Municipal, do alto dos 20% e até mais ostentados nas últimas pesquisas. Agora, voltou ao campo das possibilidades.
Ocorre que uma aproximação com o UNIÃO BRASIL está longe de ser um acerto de fácil consecução, porém tornou-se viável. Extrapola tanto 2024 quanto os limites geopolíticos de Goiânia. Reflete-se no certame pela sucessão de Caiado, com tendência e a ser disputado, por enquanto, entre o delfim do Palácio das Esmeraldas, o vice-governador Daniel Vilela, pelo MDB, e o senador Wilder Morais, o dodói de Jair Bolsonaro no PL goiano. Se desistir de um nome próprio e se contentar com a vice de Mabel, o partido enfraquece Wilder, mas se lançar um representante destinado a colher resultados pífios em um pleito municipal tão decisivo, também enfraquecerá. A questão, aqui, é escolher a alternativa menos contraproducente – e essa parece não existir.
Em seguida, vem o desafio das candidaturas do PL em Aparecida e em Anápolis – Prof. Alcides e Márcio Correa. Alcides estaria enfrentando localmente um candidato, Leandro Vilela, de uma sigla, o MDB, coligada com o PL na vizinha Goiânia. Muito estranho, não? E com chances de se desdobrar negativamente na campanha do Prof., ao levar confusão à cabeça das eleitoras e dos eleitores. Já para o Correa talvez não haja tanto prejuízo. Lá em Anápolis, carregando a bandeira do PL, ele já tem uma aliança com o MDB, reproduzindo a coalizão goianiense. E caminha para se robustecer absorvendo a adversária Eerizânia de Freitas, do UNIÃO BRASIL, lançada pelo prefeito Roberto Naves, porém penando para escalar a pedreira da sua rejeição entre os evangélicos e o desgaste da elevada reprovação do prefeito.
Para não abrir mão dos seus polpudos rendimentos oriundos da monetização do seu canal no Youtube, obrigatoriamente cortados a partir de 1º de julho, caso candidato, Gayer largou o PL em palpos de aranha em Goiânia. E sem uma solução à vista, para azar do senador Wilder. Afetou ainda o projeto do Prof. Alcides em Aparecida, ao também jogar para cima o sonho de uma campanha conectada entre as duas cidades e bafejada pela força do bolsonarismo comum. Bom para Mabel e melhor ainda para Leandro Vilela. E, olhando para o ainda distante ano de 2026, bom para Daniel Vilela.