Existe continuidade sem continuísmo? Na política, não. Os 20 anos do governo do Estado sob a influência direta e indireta de Marconi provam que, em mandatos sucessivos, tudo acaba sendo mais do mesmo
O presidente do PSD Vilmar Rocha levanta, em O Popular, uma tese que tem a ver com as próximas eleições: segundo ele, a candidatura do governador Zé Eliton representa o continuísmo, o que seria negativo, ao passo que, se fosse uma questão de continuidade (“Nas sociedades democráticas os avanços são por acumulação e não por ruptura”, defende), não haveria problema, porque essa pode ser benéfica.
Vilmar está errado. Na política, não há diferença entre continuidade e continuísmo. Veja a prova, leitor: em 20 anos do governo sob a influência direta ou indireta de Marconi Perillo, foi gerado um estado de coisas que perpetua uma elite no poder e um “modus operandi”, hoje mais do que caduco, da administração. As gestões, na era Marconi, foram de continuísmo desavergonhado, tal qual os 16 anos de Iris Rezende/PMDB. Em cada período, tudo foi sempre uma sequência infindável de mais do mesmo, do ponto de vista político e às vezes administrativo. E, entre uma e outra época, grande parte do avanço experimentado por Goiás, ao contrário do que Vilmar entende, ocorreu em decorrência da ruptura.
É apenas questão de manejar as palavras, porque o significado é um só. Se alguém quiser agradar o governador Zé Eliton, e só dizer que o seu mandato-tampão e o projeto de reeleição são de continuidade. Se não tiver essa intenção, basta rasgar a cortina e afirmar que não passam de continuísmo, sem medo de errar.