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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 ago

Enfim, governo Caiado começa: há um acordo com a Assembleia, Gracinha recolhe-se, soluções domésticas para a crise financeira aparecem, dezembro foi pago e a Enel enquadrada é a 1ª ação positiva

Com oito meses de atraso, o governo Ronaldo Caiado começou. Pela primeira vez desde a posse, uma agenda positiva foi desenvolvida e o mês de agosto, antigamente de mau agouro, está sendo fechado pelo Palácio das Esmeraldas com um saldo de realizações e avanços, além de presságios favoráveis, na área política e na gestão.

 

Caiado, depois de idas e vindas, conseguiu chegar a um aparente acordo com a Assembleia, que será testado ainda nesta semana e mostrará se, de fato, conseguiu formar uma maioria segura para aprovar os seus projetos. Duas matérias polêmicas estão na fila de votação: a redução da vinculação constitucional de recursos para a Educação e a liberação do acesso do Executivo a R$ 1,8 bilhão de reais de um fundo constituído por depósitos judiciais. A possibilidade de aprovação é grande. O presidente da Assembleia Lissauer Vieira, depois de obter do governador um acerto para o duodécimo devido ao Poder e para as emendas orçamentárias dos deputados, parou de criticar o governo e dá sinais de que amenizou seu antagonismo com Caiado.

 

Na questão dos depósitos judiciais, Caiado finalmente mostrou que também acredita em soluções domésticas para a crise fiscal do Estado, deixando de unicamente se iludir com o fantasioso socorro que poderia vir, mas não vem e provavelmente nunca virá, de Brasília. Se o projeto for aprovado, será um reforço e tanto. Muito dinheiro, que não poderá se gasto à vontade pelo governo, mas servirá para cobrir rombos como os R$ 200 milhões mensais da previdência dos servidores e pagamentos específicos, como os precatórios, garantindo um alívio importante para o tesouro estadual.

 

Um passo, portanto, para sair do atoleiro. Outro, nos bastidores, foi o afastamento da primeira dama Gracinha, que vinha atuando como governadora e se intrometendo nas decisões e articulações do companheiro, expondo-se à crítica dos veículos de imprensa e mesmo a ataques no plenário da Assembleia. Desde o infeliz debate de baixíssimo nível entre o governador e seu antecessor Marconi Perillo, envolvendo familiares de ambos, que Gracinha baixou a bola, desapareceu das cerimônias onde se postava ostensivamente ao lado de Caiado e, com uma presença ativa nas redes sociais, opinava sobre tudo e todos. Isso acabou. O perfil de Gracinha no Instagram, por exemplo, tornou-se burocrático, sem movimento e 100% institucional quanto a sua condição de presidente da OVG. Ela, ao que tudo indica, saiu do caminho do marido.

 

Ao mesmo tempo, o restante de dezembro foi pago, curando uma ferida que servia como fonte de desgaste diário para o novo governo. Quitada a folha, encerrou-se o capítulo aberto para uma das decisões mais infelizes jamais tomada por um governante em Goiás, a de deixar um mês da folha para trás. E, para coroar a boa fase, veio o acordo com a Enel, que não é grande coisa e repete mais ou menos o que já estava ajustado anteriormente, porém agora adiantando algumas providências para melhorar a distribuição de energia elétrica e levando Caiado a passar uma semana, talvez a primeira, sem fatos negativos ou estressantes para a comunicação do governo. Sim, o governo começou.